São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996 |
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BRAZIL GLOBAL TRADER Há muito se discute nos meios acadêmicos e governamentais a vocação externa do Brasil. Está em jogo não apenas o grau de "abertura" do país às importações, mas o desenho de uma inserção internacional que pressupõe, acima de tudo, o questionamento da soberania nacional num mundo globalizado. Entre as muitas propostas e enfoques, duas ganharam proeminência. De um lado, sobretudo o Ministério das Relações Exteriores insistia na tese de que o Brasil deveria assumir um projeto de "global trader" (comerciante global). Sem privilegiar esta ou aquela região do mundo, a idéia era apostar num modelo de integração regional (o Mercosul) para, por meio e a partir dele, negociar com mercados um leque multilateral de acordos e convênios. A crítica ao projeto de "global trader" veio na voz dos que defendiam uma aproximação prioritária com um dos "blocos", o da América do Norte. Viviam-se (início dos anos 90) o entusiasmo do Nafta, o ceticismo quanto às chances de superação das "euromuralhas" e uma certa resignação diante das distâncias entre o Brasil e os mercados asiáticos. Na semana passada, os significativos avanços na associação entre o Mercosul e o Chile, e também com a Bolívia, além dos progressos quase simultâneos no relacionamento com a União Européia, parecem afinal mostrar que a aposta no modelo de "global trader" foi acertada. E o acerto revela-se na atitude de ninguém menos que os EUA, que reafirmaram na sexta-feira seu apoio ao diálogo entre o Nafta e o Mercosul. Na prática, a incorporação de outros países ao Nafta enfrenta forte resistência no Congresso norte-americano e não deverá avançar antes das eleições presidenciais naquele país. Enquanto isso, ganha momento econômico e político o Mercosul e a Área de Livre Comércio Sul-Americana. Nem tudo é ameaça na era da globalização. Texto Anterior: OCDE DE OLHO Próximo Texto: Jogo de segunda Índice |
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