São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Hosmany Ramos é ferido e preso em SP

LUIZ MALAVOLTA

LUIZ MALAVOLTA; ROGERIO SCHLEGEL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O cirurgião plástico, que já fugiu 11 vezes de presídios, estava envolvido em sequestro de fazendeiro em Minas

ROGERIO SCHLEGEL
O cirurgião plástico Hosmany Ramos, 50, foi preso na noite do último sábado em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), quando tentava receber US$ 300 mil por um sequestro realizado em Minas Gerais.
Hosmany, que já fugiu 11 vezes de presídios, estava foragido do Instituto Penal Agrícola de Bauru (SP) desde 10 de maio, quando teve autorização para visitar seus pais no Dia das Mães.
Ramos foi ferido na perna esquerda e teve o fêmur fraturado durante tiroteio com policiais de Minas e de São Paulo. Ele está consciente e fora de perigo.
Christian Ricardo Guerreiro Reis, 20, que o acompanhava, também foi ferido, com pelo menos dois tiros na cabeça.
Os dois foram internados no hospital Samuel Libânio, em Pouso Alegre, sul de Minas.
O delegado João Reis, 49, responsável pelo Deoesp (Departamento Estadual de Operações Especiais), da Polícia Civil de Minas Gerais, acusa Ramos e outras sete pessoas de terem sequestrado do empresário e fazendeiro Ricardo Carvalho Rennó, 49.
Rennó foi sequestrado na noite de 16 de junho, em Santa Rita do Sapucaí (MG), quando estava indo com seu BMW assistir à missa de domingo (leia nesta página).
Identificação
Hosmany foi preso por volta das 22h de sábado. Para os policias e no hospital, ele disse se chamar Rafael Nonato Filho. Só no domingo a polícia recebeu a informação de que era Hosmany.
Exames de suas digitais confirmaram a identificação.
A prisão de Hosmany foi feita por policiais da Deoesp, chefiados pelo delegado João Reis.
No sábado à noite, 12 policiais civis mineiros aguardaram os sequestradores no local combinado para a entrega do resgate, no Jardim Aurélia, em Campinas, próximo à via Anhanguera.
Hosmany chegou com dois homens em uma perua Ipanema. Segundo a polícia, houve tiroteio.
Os três homens, segundo a polícia, usavam coletes à prova de balas. Christian foi atingido. Hosmany saiu do carro, começou a correr e, ao tentar pular o muro de uma casa, foi baleado.
Segundo o delegado, o terceiro homem conseguiu fugir. Ele acredita que o acusado tenha sido ferido com um tiro de raspão.
Hosmany e Christian só foram medicados em Pouso Alegre, a cerca de 180 km de Campinas.
Ontem, a PM mineira montou um forte esquema de segurança no Pronto-Socorro Municipal, temendo que outros integrantes da quadrilha tentassem resgatá-los.
Pela manhã, Hosmany estava em uma enfermaria, mas à tarde foi transferido para o quarto andar de um prédio anexo.
Segundo enfermeiros que não quiseram se identificar, Hosmany esteve calado, mas teve momentos de bom humor. Ele chegou a pedir que apressassem sua cirurgia, marcada inicialmente para amanhã, para que pudesse ser operado antes de voltar a fugir.
Em Pouso Alegre, os dois acabaram revelando que o empresário Rennó estava em Governador Valadares (MG), sob a guarda dos outros sequestradores.
O delegado Ricardo Peixoto foi para lá no domingo com um grupo de investigadores, mas encontrou a casa já vazia. Os sequestradores tinham abandonado o imóvel levando Rennó, que foi amarrado a uma árvore à beira da estrada. Quando conseguiu escapar, pediu carona e foi à polícia.
Rennó disse que foi agredido com tapas e pontapés.
O delegado disse que teriam participado do sequestro a tia de Hosmany, dois homens conhecidos por Douglas e Dalbert, uma mulher chamada Sandra (casada com o acusado que fugiu) e sua filha, casada com Christian.

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