São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia comete sequência de falhas no caso

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A polícia alagoana tem mostrado pressa e cometido falhas, muitas delas por falta de estrutura, nas investigações do assassinato do empresário Paulo César Farias.
Mesmo sem conclusão de nenhum laudo pericial ou médico, a polícia alagoana já tinha uma versão final 24 horas depois do assassinato.
O delegado responsável pelo caso, Cícero Torres, afirmou ontem não considerar os seguranças de PC e nenhuma das pessoas da casa como suspeitos.
Ele diz estar investigando um caso simples, que só se tornou rumoroso porque a vítima é PC Farias.
Na visita que fez ontem à Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, o diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, afirmou que a polícia alagoana tomou todas as providências "cabíveis" no caso.
A PF acompanha as investigações e pode ajudar em algumas operações, segundo ele, caso seja convocada para isso. Foi acionada, por exemplo, para ajudar a desvendar o mistério de que a arma usada no assassinato de PC e de sua namorada foi comprada pela PM junto ao fabricante.
Mas o diretor-geral da PF se mostrou desinformado sofre as investigações. Segundo ele, a PF acompanhou a perícia no quarto da casa de PC. Segundo Chelotti, a PF chegou a ver os corpos na cama.
O que não foi confirmado pelo delegado da PF de Maceió, Marco Omena, que só foi acionado para entrar no caso quando os corpos já estavam no IML.
Entre as falhas da polícia estão a não-realização de testes de pólvora nas mãos e roupas de todas as pessoas que passaram pela casa de PC no dia do assassinato, como recomenda uma boa perícia.
Caixa com a arma
A polícia também deixou nas mãos de jornalistas a caixa da arma que teria sido encontrada no carro da namorada de PC.
A arma do crime está guardada também sem nenhum cuidado. Sem estar envolta em saco plástico. Está em uma gaveta da escrivaninha do perito Nivaldo Cantuária.
Ao fazer ontem uma reconstituição do crime, a polícia revelou que cometeu mais uma falha.
A reconstituição foi feita para que os peritos fizessem os croquis que deixaram de fazer no dia do assassinato. Os croquis deveriam ter sido feitos ainda com a cena do crime intacta.
Pelo trabalho de ontem da polícia no quarto de PC, os peritos dizem que chegaram à conclusão de que a arma não estava entre as pernas de Suzana, como foi divulgado. Mas entre PC e Suzana.
A polícia só fez a reconstituição do crime depois de ter liberado o quarto de PC para que fosse arrumado pelas empregadas da casa. A reconstituição só se deu depois que o quarto já havia sido, inclusive, lavado. A família de PC teria autorizado os empregados a queimarem o colchão.
A polícia só entrou no quarto de PC no dia de sua morte, domingo passado, depois que mais de 20 pessoas já estavam na casa, segundo o próprio delegado. Ele não sabe quantas pessoas chegaram a entrar o quarto.

Texto Anterior: Falhas e contradições na investigação
Próximo Texto: Perguntas sem respostas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.