São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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Veja o procedimento certo

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia alagoana não seguiu algumas das principais normas de investigação ao apurar o assassinato de PC. O local do crime não foi isolado, exames não foram feitos e o universo do inquérito foi reduzido a uma hipótese: crime passional.
O diretor do Departamento de Homicídios de São Paulo, delegado Marco Antônio Desgualdo, 46, e o perito Osvaldo Negrini Neto, diretor técnico do Instituto de Criminalística paulista, listaram as providências que a polícia deve tomar nesses casos.
1 - O local do crime deve ser isolado. Em uma casa, ele não é apenas o cômodo onde estão os corpos, mas todo o imóvel, inclusive o quintal. Só o quarto onde os corpos foram achados foi isolado.
2 - Em seguida, a polícia deve identificar todas as pessoas que estiveram ou que estão no local. Mais de 20 pessoas estiveram na casa de PC Farias.
Elas deviam ter sido listadas a fim de que suas impressões digitais fossem confrontadas com as achadas.
3 - Quando é incerta a autoria de um assassinato ocorrido em uma casa, é aconselhável fazer exame residuográfico (que procura vestígios de metais nas mãos para indicar se alguém usou arma recentemente) em todos os que estavam no local quando houve o crime.
4 - Os policiais não devem mexer nos cadáveres. Esse trabalho deve ser feito pelos peritos especializados. Antes de ser examinado pela perícia, um delegado mexeu no corpo de PC.
5 - Verificar vias de acesso a casa e a situação das fechaduras para saber se não há arrombamentos.
6 - Se as dúvidas persistem após a primeira vistoria da perícia, o local deve permanecer interditado. Isso não aconteceu. O quarto de PC Farias foi liberado pela perícia um dia após o crime e lavado por funcionários do empresário.
Durante a investigação da morte de Edmundo Pinto, governador do Acre, em maio de 1992, a polícia paulista manteve isolado parte do hotel onde ocorreu o crime para novos exames. Neles, foram achadas as impressões digitais que levaram aos assassinos.
7 - Recolher todo material que possa ter relação com o crime como manchas de sangue, copos etc.
8 - Verificar se a área do crime foi fraudada ou se foi mexida. É possível saber se um corpo foi retirado do lugar onde estava pela forma como o sangue se acumula. (MARCELO GODOY)

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