São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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Juiz embarga shopping em Higienópolis

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça embargou liminarmente a construção de um shopping center do Grupo Plaza Paulista no bairro de Higienópolis, região central de São Paulo.
A liminar foi concedida segunda-feira pelo juiz José Marcio do Valle Garcia, da 3ª Vara da Fazenda Pública.
Atende pedido da Sociedade Amigos de Vila Buarque, Santa Cecília, Higienópolis e Pacaembu e do Movimento Defenda São Paulo.
No pedido, o advogado Antonio Fernando Pinheiro Pedro, que é presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB-SP, argumenta que a prefeitura aprovou a construção do empreendimento sem fazer o "relatório de impacto ambiental e de vizinhança, exigido pela Constituição".
O advogado diz também que o shopping provocaria o corte de árvores protegidas pela legislação e significaria uma ameaça ao patrimônio histórico e à qualidade ambiental de Higienópolis.
Ele apresentou estudos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que apontam que o número de veículos na região aumentaria em cinco vezes com o shopping.
Polêmica
O grupo Plaza Paulista (proprietário dos shoppings West Plaza, Paulista e Plaza Sul) afirma que vai tentar cassar a liminar. Segundo a sua assessoria de imprensa, "a ação não tem base legal".
"O relatório de impacto ambiental e de vizinhança só é necessário para empreendimentos com mais de 35 mil 2 de área computável, o que não é o caso."
A secretário municipal dos Negócios Jurídico, Mônica Herman Caggiano, disse que ainda não havia sido notificada sobre a decisão. "Mas, se houve aprovação da prefeitura, é porque o projeto estava habilitado", afirmou.
O shopping, que seria construído entre a avenida Higienópolis e rua Veiga Filho, provocou uma polêmica que já dura cerca de dois anos e divide os moradores do bairro.
O projeto, do arquiteto Alberto Botti, prevê a demolição de três casarões, construídos por volta de 1915. Os imóveis geminados 618, 628/638, 648/658.
Prevê também a restauração e preservação dos imóveis 674 e 698.
O Conpresp e o Condephaat (órgãos, respectivamente, municipal e estadual, responsáveis pelo patrimônio histórico) liberaram a demolição dos imóveis, que estavam em estudo de tombamento.
O projeto foi aprovado pela secretaria municipal da Habitação e dependia de uma nova deliberação do Condephaat. Isso porque o shopping está localizado na região preservada pelo tombamento do Colégio Sion.

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