São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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País pode receber US$ 70 bi em dez anos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas brasileiras que se preparem: uma montanha de recursos estimada em US$ 70 bilhões poderá ser investida em ações e títulos de renda fixa do país nos próximos dez anos. Essa é apenas uma pequena fatia -11%- dos investimentos potenciais que devem aterrissar nos chamados mercados emergentes. As contas são do banco de investimentos norte-americano Salomon Brothers, um dos maiores do mundo. Segundo a instituição, o total das carteiras de ações e de renda fixa dos investidores institucionais (fundos, fundações, seguradoras, empresas etc..) nos mercados emergentes soma US$ 210 bilhões, apenas 1,5% de uma montanha estimada em US$ 14 trilhões. Nos próximos dez anos, essa fatia deverá subir para 6%, prevê o Salomon, o que resultaria em investimentos anuais da ordem de US$ 63 bilhões nesses mercados. Ao Brasil caberia, em tese, 11% desses recursos, a julgar pelas remessas já feitas ao país. Isso, se contar as investidas externas nas privatizações. É uma perspectiva realista: no primeiro trimestre deste ano, o país recebeu 10,92% (US$ 361 milhões) dos dólares enviados às Bolsas emergentes por um grupo de 107 fundos pesquisados pela Micropal, especializada na análise de investimentos. Por emergentes, entenda-se países latino-americanos, asiáticos (exceto japão) e do leste-europeu. Para captar o quinhão que lhes cabe dessa bolada, as empresas brasileiras dependem, de um lado, do programa de ajuste econômico e das reformas constitucionais e, de outro, delas mesmas. O recado foi dado ontem a executivos financeiros ligados ao Ibef, durante café da manhã com Jair Ribeiro da Silva Neto, diretor do Banco Patrimônio, associado ao Salomon Brothers. O banqueiro disse que as companhias devem abrir seus números para os analistas se quiserem concorrer, com sucesso, na briga pelos dólares de fora. Ele lembrou que, embora o México tenha uma economia menor que a do Brasil e tenha ido à bancarrota no ano passado, os investimentos estrangeiros continuam maiores lá do que por aqui. Os 107 fundos enviaram para o México, no primeiro trimestre deste ano, US$ 485 milhões.

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