São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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"Mais e Melhores Blues" é para quem ama o jazz

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A primeira coisa a dizer não é sobre "Mais e Melhores Blues" (Globo, 2h10). É, sim, que toda observação tem algo de subjetivo.
Essa lição, o historiador italiano Giulio Carlo Argan fez o favor de nos ensinar com todas as letras.
A arte tem um aspecto objetivo: podemos aferir o valor de um trabalho por aquilo que ele recolhe da história e também pela ruptura que estabelece, pelo que inova.
Ao mesmo tempo, nenhum objeto nos chega de maneira neutra. Nossa vivência pesa decisivamente na apreciação de certos trabalhos.
É preciso gostar de jazz para não ter a sensação de que "Mais e Melhores Blues" é o trabalho menos interessante de Spike Lee. Samba não serve. Não serve nada que funcione como analogia, musical ou não, com a experiência rítmica dos negros norte-americanos.
"Mais e Melhores" não é um filme com música, nem um musical. É uma espécie de ilustração de sua trilha sonora. É a imagem que se nutre da música, e não o inverso.
Isso dá uma dimensão particular a esse trabalho em que Spike Lee busca contar um período da história da comunidade negra, a era do jazz: quem não ama o jazz especialmente vai ficar de fora da festa.
Uma alternativa é a comédia "Uma Equipe Muito Especial" (Globo, 15h40), que tem no elenco nada menos que Tom Hanks, Geena Davis e Madonna.
Mas a história do time de uma liga feminina de beisebol que se formou durante a Segunda Guerra (por falta de homens para jogar) é olvidável. E aqui o subjetivo e o objetivo juntam-se: não é preciso conhecer beisebol para ver, com facilidade, o filme. Mas mesmo quem conhece beisebol profundamente vai esquecê-lo facilmente.
(IA)

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