São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Acusação é "irrespondível", diz família

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

"Isso é irrespondível, só pode ser fruto de uma convulsão mental". A afirmação é de Luiz Romero Farias, irmão de Augusto, que falou em nome da família.
Foi a única frase divulgada para responder à suspeita da Polícia Federal de que Augusto Farias poderia estar envolvido no assassinato do irmão.
Informados sobre a versão oriunda da PF, os irmãos do empresário disseram que o sensacionalismo havia chegado a um ponto que dispensava comentários.
Segundo os Farias, a imprensa acha pouco o massacre "imposto" a PC Farias durante os últimos quatro anos
Exumação
A família de Paulo César Farias informou no final da tarde que concorda com a exumação do corpo de PC, sepultado segunda-feira em Maceió.
Os Farias mantinham uma certa resistência à idéia, por considerarem "constrangedora" e "problemática" para os filhos do empresário, Ingrid, 16, e Paulo, 14.
"Estamos dispostos a colaborar com todas as investigações, embora todos os dados apontem mesmo para um crime de natureza passional", disse ontem o médico Luiz Romero, irmão de PC.
Na avaliação de Luiz Romero, a hipótese de crime político é a mais óbvia. Por isso mesmo o país inteiro está aceitando fácil qualquer opinião nesse sentido.
"Seria até fácil para a família explorar politicamente um eventual atentado a PC, mas sinceramente não acreditamos nesta tese", afirmou o médico.
Ainda sobre a exumação, Luiz Romero lembra que o ex-tesoureiro era "espírita" e por este motivo não teria nada contra a exumação: "O espírito dele já deixou o seu corpo".
Chelloti
O deputado federal Augusto Farias (PPB-AL), também irmão de PC, atacou ontem o diretor da Polícia Federal, Vicente Chelloti.
O motivo: a publicação de fotos com cenas dos corpos de PC e da namorada Suzana, ainda na cama na qual ocorreu o crime no último domingo.
Augusto acusou o diretor de ter "vendido" as fotos. "Ele entregou, vendeu a um jornalista", disse. "Agora quero saber em troca de quê tomou esta atitude".
Segundo o deputado, Chelloti faltou com a ética e desrespeitou a Polícia Civil de Alagoas, de onde saíram as fotografias.
O deputado disse que vai entrar com um requerimento na Procuradoria Geral da República para que o diretor da PF explique a sua atitude em relação às fotos.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou ontem, em nome do diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, que ele não tem nada a ver com a publicação de fotos da cena do crime pela imprensa.
Segundo a assessoria, Chelotti entrou em contato com a Secretaria de Segurança de Alagoas para assegurar que não tem nenhuma participação no "vazamento" das fotos e que não tem interesse em denegrir a imagem da família.

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