São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresário nega que sua assessoria seja irregular

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Pedro Luiz Todling Silva, 48, dono da STS -Comércio, Indústria e Assessoria Internacional Ltda., disse à Folha que não há nenhuma irregularidade em seu trabalho e que presta apenas um serviço de assessoria a exportadores de açúcar que encontram dificuldades em realizar suas operações.
"Se a usina quer a minha ajuda, dentro do que é regular, eu faço qualquer coisa", afirmou.
Todling disse que não é possível entrar no Siscomex, o sistema computadorizado de controle do comércio exterior, para fazer uma operação irregular.
Mas admitiu que isso pode ser feito com a colaboração de alguém do Decex, o departamento do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo que cuida da área de comércio internacional.
Dona é a mulher
Pedro Todling recebeu o repórter da Folha em sua sala, no conjunto de escritórios que ocupa no 12º andar do prédio nº 26 da avenida Rio Branco, situada no centro do Rio de Janeiro.
Estava ao lado da mulher, Maria Cristina Todling Silva -formalmente a dona da empresa.
Segundo Todling, a maior prova da legalidade do seu trabalho é que ele se propôs a fornecer nota fiscal do serviço para a pessoa que ligou dizendo ser de uma usina exportadora, na verdade, uma repórter da Folha.
Todling disse que só aceitou o serviço porque sabia que os ministros da Fazenda e da Indústria e Comércio assinariam o despacho conjunto liberando o imposto de exportação de açúcar na quarta-feira e porque a usina que pediu a operação tinha cota de exportação dentro do plano de safra para este ano.
Ainda segundo o seu relato, é normal que usinas situadas no interior busquem ajuda para lidar com a burocracia de exportação e paguem por isso: "Se você tiver cota, eu vou trabalhar para você e cobrar meu preço. Se você quiser fazer, ótimo".
Ex-funcionário do BB
Pedro Todling disse que, como funcionário do Banco do Brasil, trabalhou durante 15 anos no órgão do governo responsável pelo comércio exterior e que há três anos deixou o governo, licenciado, para se dedicar aos próprios negócios.
Todling afirmou que não conhece o atual comando da área de açúcar do Decex, a não ser as pessoas que trabalharam no órgão, como ele.
Ele disse também que a origem dos seus negócios próprios é uma fábrica de pallets (estrados de madeira para juntar cargas a serem embarcadas em navios).
Ela teria sido fundada em 1992 e a empresa ficou no nome da sua mulher porque ele trabalhava no Banco do Brasil.
A atividade de assessoria em comércio exterior teria começado no ano passado, com uma tentativa de atrair embarques de açúcar para o porto do Rio de Janeiro.

Texto Anterior: Leia diálogo com assessor
Próximo Texto: Acordo entre British e AA está ameaçado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.