São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996 |
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Idéia era provocar a censura
MARISA ADÁN GIL
A idéia, diz, foi do escritor Décio Pignatari. "Ele disse: 'Por que não colocamos um cu na capa? Vai ser uma risada na cara da censura'". O compositor, que já vira suas letras serem picotadas sem misericórdia, aceitou. "Topei, morrendo de medo. Um dia, ele me liga dizendo que já tem a modelo. Fiquei assustado, precisava de modelo para uma coisa dessas?" No final, Pignatari acabou optando por usar uma bola de gude e fotografar em foco fechado. Quando a capa ficou pronta, Tom Zé estava desesperado. "Foi um terror muito grande. Qualquer disco me dava medo, porque sabia que ia ter que negociar, e as perdas iam ser dolorosas. Mas, com esse, foi pior." Censores, gravadora, imprensa: ninguém percebeu o que era a estranha imagem. "A capa ficava exposta nas vitrines das lojas. Ninguém sonharia." O disco acabou trazendo ao cantor outro problema. Sua aventura estética não foi bem recebida por crítica e público, que o arquivaram na prateleira de maldito. "Comecei a viver de estudantes universitários. Achei que estava fazendo tudo errado, que minha música era um sonho maluco." Só se recuperou em 1990, com a ajuda de David Byrne. Mas o episódio não foi esquecido. "Nunca mostrei essa capa para o Byrne. Morro de vergonha." (MAd) Texto Anterior: Abujamra usa processo digital Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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