São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Esclarecimento; Crítica no escuro; Demissão voluntária; Bode expiatório

Esclarecimento
"Esta carta tem como prioridade esclarecer fatos que não foram considerados importantes ou relevantes para a reportagem 'Covas saneia energéticas e piora qualidade do serviço' e subtítulo 'Governo faz cortes de funcionários para preparar privatização' (2/5).
Essas duas afirmações não são verdadeiras, na medida em que o governo não demitiu para privatizar, mas sim para sanear. O que fizemos foi adequar, e o que aconteceu de impacto na qualidade do serviço está sendo revertido gradativamente com a contratação de mão-de-obra, por concurso.
O governador Mário Covas determinou e a Secretaria de Energia de São Paulo cumpriu à risca o saneamento econômico-financeiro das empresas, mas, com isso, não piorou a qualidade do serviço.
Não se mensura queda de qualidade sem levar em consideração que o efeito pernicioso da falta de investimentos ou de investimentos maldimensionados ou mesmo maldirecionados não se mostra imediatamente, mas defasados no tempo.
A reportagem afirma que ocorreu queda de qualidade e que essa piora é demonstrada por índices internacionais de avaliação de eficiência. É verdade, esses índices existem, mas o que o repórter não mostrou para a opinião pública foram os números que comprovam essa afirmação.
Os índices de DEC (Duração Equivalente por Consumidor) -em horas de interrupção por ano- e FEC (Frequência Equivalente por Consumidor) -em número de interrupções por ano- diminuíram em 95, em relação ao ano anterior; portanto o atendimento e a prestação de serviço na Cesp, CPFL e Eletropaulo não piorou, mesmo com a demissão e programas de aposentadoria e saída incentivada de funcionários.
No que diz respeito a investimentos, e em função do saneamento proposto, a Eletropaulo, com recursos próprios de tarifa e financiamentos com custo compatível ao retorno do negócio, irá em 1996 investir cerca de R$ 500 milhões.
Em 1995 esse limite ficou em R$ 200 milhões, mas para o próximo ano a empresa irá superar a média dos últimos cinco anos, que ficou em torno de R$ 350 milhões.
A Eletropaulo ainda apresentou um resultado negativo no balanço de 1995, mas posso assegurar que todos os esforços terão maior impacto em 1996."
David Zylbersztajn, secretário de Estado de Energia (São Paulo, SP)

Crítica no escuro
"Não vi e não gostei!
Foi o que pensei do sr. Ricardo Semler ao ler seu artigo 'O estado de coma da Fiesp' (21/6).
Como diretor-financeiro na gestão Mario Amato e no primeiro mandato de Carlos Eduardo Moreira Ferreira e atual vice-presidente do Ciesp e diretor-geral do Instituto Roberto Simonsen, sou testemunha e partícipe das profundas modificações introduzidas na estrutura das entidades, dotando-as de moderno modelo organizacional, com as correspondentes mudanças estatutárias.
O Instituto Roberto Simonsen transformou-se em fórum de estudos avançados da indústria, principalmente políticos e sociais.
Se o autor frequentasse as entidades que critica, tenho a certeza de que outra seria sua opinião."
Ruy Martins Altenfelder Silva, diretor-geral do Instituto Roberto Simonsen e vice-presidente do Ciesp -Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Demissão voluntária
"Com relação à reportagem sobre demissão voluntária (2/6): ao contrário do que foi dito pela repórter, a CEF informou a todos os empregados o valor bruto das verbas que cada um teria se aderisse ao PADV (Plano de Apoio à Demissão Voluntária).
A falta de informações a que se refere a reportagem é referente à Funcef (Fundação dos Economiários Federais), fundo de pensão privado que administra as contribuições dos empregados e da CEF para a complementação da aposentadoria, que devolverá na demissão um percentual das contribuições acumuladas ao longo dos anos.
Quanto às palavras a mim atribuídas no que diz respeito à minha intenção de ajuizar reclamação trabalhista, trata-se de equívoco de interpretação da repórter Carla Aranha Schtruk.
Comentei com a repórter que a Funcef só fornecerá os valores a serem devolvidos no ato da homologação, podendo com isso ensejar contestação judicial da quantia devolvida, que aliás seria uma ação cível e não trabalhista."
Pedro Alves da Silva (Santos, SP)

Resposta da jornalista Carla Aranha Schtruk - Reafirmo as declarações atribuídas a Pedro Alves da Silva. Todas as críticas dele foram ao programa de demissão voluntária da CEF, e não à Funcef, que nem foi mencionada para a reportagem. Com receio de represálias, Silva ligou duas vezes à Folha, na sexta-feira anterior à publicação, solicitando que sua entrevista não fosse publicada.

Bode expiatório
"O sumiço repentino do empresário Paulo César Farias causa impacto porque, no fundo, sabemos que todos nós temos uma parte delinquente, safada e, dessa forma, nos identificamos com esse homem que é mais um entre tantos corruptos, com a diferença de que foi humilhado, preso e, agora, está morto.
PC era mais que um arquivo de informações. Ser o depositário da sordidez do povo brasileiro foi seu grande feito. Ele nos deu sossego, garantiu nossa paz, relaxou nossas consciências."
Célia Horta (São Paulo, SP)

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