São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Ousadia ou repeteco

CLÓVIS ROSSI

Lyon - Em 1975, na sua primeira reunião de cúpula, os chefes de governo do G-7 (os sete países mais ricos do mundo) se comprometiam a "eliminar o alto nível de desemprego".
Vinte e um anos depois, o desemprego permanece elevado, tão elevado que o documento prévio da chancelaria francesa, para a cúpula de Lyon, a abrir-se hoje, diz: "O outro grande tema que será abordado é o do emprego".
Uma de duas conclusões se impõe: ou o mundo rico foi governado, nestes 21 anos, por um bando de incompetentes ou o problema do emprego não tem solução.
Afinal, é razoável supor que governante algum, a menos que seja um sádico, adota políticas que conduzam deliberadamente a um desemprego elevado. Seria a sua morte política.
Logo, ou há incompetência na definição de políticas ou, realmente, não há soluções à vista. Se a resposta verdadeira for a segunda, nada há a fazer. Mas é possível que a primeira resposta contenha ao menos alguns elementos de verdade. Pelo menos é o que indicam dois relatórios recentes, ambos emitidos por instituições arquiconservadoras.
Um é do BIS (uma espécie de banco central dos bancos centrais), que reclama de um excessivo rigor nas políticas monetárias (as que determinam o custo do dinheiro). Servem para combater a inflação ou mantê-la baixa, mas dificultem ou até impedem o crescimento.
O outro é da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne os 27 países mais industrializados). Sugere que "o judicioso uso de um relaxamento monetário poderia ajudar a aumentar a produção e o emprego sem gerar pressões inflacionárias".
Ou o G-7 presta atenção ou está condenado a repetir, ano após ano, a promessa de "eliminar o alto nível de desemprego".

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