São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996 |
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Artista Braco Dimitrijevic vem corrigir a história na Bienal
CELSO FIORAVANTE
Vai trabalhar com a tela "Cardeal Luís Maria de Borbón y Vallebriga" (cerca de 1800), do espanhol Goya, e com dois trabalhos dos artistas brasileiros Timóteo da Costa e Almeida Jr. A primeira pertence ao Masp e as duas brasileiras, à Pinacoteca. Braco visitou os museus esta semana, atrás das obras que se apropriaria para sua instalação. Escolheu os artistas brasileiros por se tratarem dos únicos que representavam homens negros. Braco fez questão de salientar que não se tratava de uma atitude politicamente correta -"pouco me importo com o politicamente correto"- mas apenas por tratar de dois casos em que a tela oferecia um outro tipo de modelo. Acredite quem quiser. Braco é politicamente correto e, com certeza, um dos mais politizados -e instigantes- artistas que irão povoar a Bienal, entre 5 de outubro e 8 de dezembro. Mais que questões estéticas da arte, Braco quer discutir justiça, reparar erros da história. Como ele mesmo diz em uma de suas obras, "não existem erros na história. Toda a história é um erro". O erro da história é o fio condutor da carreira de Braco. Em seus trabalhos, o artista pode apropriar-se de obras de valor histórico e artístico "inquestionável", como um trabalho de Modigliani ou Derain, e inserí-lo em um contexto insólito, ao lado de frutas, legumes ou objetos do cotidiano. A apropriação visa uma nova avaliação. Pode ainda fotografar cidadãos comuns, nas ruas, e expô-los em painéis gigantes nas ruas de Paris ou nos grandes museus do mundo inteiro, como em "The Casual Passerby I Met at 3:41 P.M." (O Transeunte que eu Encontrei por Acaso às 15h41). Braco iniciou sua carreira artística aos dez anos de idade, em 1958, quando realizou sua primeira mostra individual, em Sarajevo. É um dos artistas selecionados pelo italiano Achille Bonito Oliva, um dos curadores internacionais da seção Universalis. Texto Anterior: Colunista faz experiências Próximo Texto: A lady Aretha Franklin comandou o show mais excitante do JVC Jazz Índice |
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