São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996 |
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A lady Aretha Franklin comandou o show mais excitante do JVC Jazz
CARLOS CALADO
Enquanto os cambistas chegavam a oferecer, na rua, os últimos ingressos de US$ 55 por até US$ 250, dentro do solene Carnegie Hall as quase 2.700 pessoas receberam a Lady Soul de pé e aos gritos. Não foi à toa que Aretha abriu o show com "I Want to Take You Higher" (de Sly Stone, um pioneiro do funk). A cantora prometeu e realmente acabou levando seu público às alturas. Exceto pelos quilinhos a mais, Aretha não parece ter mudado muito. Principalmente sua voz privilegiada, com uma extensão de cinco oitavas, que permanece afiada e emocional, apesar dos agudos já menos brilhantes. O Carnegie Hall quase veio abaixo quando ela atacou as primeiras notas de "Respect" e "Chain of Fools", seus hits dançantes do final dos anos 60. Nem a sisudez do teatro impediu que várias filas se levantassem para dançar. E, já que se tratava de um festival de jazz, ela também fez questão de incluir um "standard" do gênero ("Skylark"), interpretado com aqueles melismas típicos do gospel, que marcaram de forma definitiva seu estilo vocal. Um jeito de sentir e cantar que faz canções bastante populares, como "Bridge Over Trouble Water" e "Natural Woman", parecerem completamente novas. Até mesmo canções medíocres -como "Call Me", um sucesso romântico dos anos 70- ganham na interpretação da "Lady Soul" uma carga de emoção e expressividade que o original jamais chegou perto de possuir. Frustrante, para o público brasileiro, é saber que dificilmente vai poder ouvir a Lady Soul ao vivo. Aretha tem medo de avião. O jornalista Carlos Calado viaja a convite da United Airlines e da JVC do Brasil Texto Anterior: Artista Braco Dimitrijevic vem corrigir a história na Bienal Próximo Texto: Autocomplacência dificulta diálogo sobre modos de produção no cinema Índice |
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