São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Mal cardíaco afeta 21% de jovens atletas

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma avaliação médica de crianças e adolescentes que participam de programas de iniciação esportiva em clubes de São Paulo mostrou que 21% desses atletas tinham algum problema no coração.
O estudo foi realizado por Nabil Ghorayeb, presidente do Comitê de Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O cardiologista fez um exame em 700 crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos de clubes de classes A e B do município de São Paulo.
O exame incluiu medidas de pressão arterial e ausculta cardíaca (com um aparelho que detecta ruídos e sons no coração).
Falta de controle
"Sabemos que os clubes não exigem exame médico antes de uma criança ou adolescente começar a fazer esporte. Por isso resolvemos saber como estavam essas crianças", disse Ghorayeb.
A primeira triagem mostrou que 21% desses jovens tinham alguma anormalidade no coração, as quais eram desconhecidas pelos pais.
"Pedimos então aos pais que consultassem um médico especializado. Essas crianças deveriam ter um acompanhamento médico próximo", disse o cardiologista.
"Os resultados mostraram que mais de 60% dos jovens com problemas são portadores de sopro funcional", disse o médico.
Segundo Ghorayeb, não é comum que os pais façam exames médicos antes de a criança começar a praticar um esporte.
"Os pais muitas vezes olham a criança e, se a vêem rosada, acham que ela não apresenta nenhum problema cardíaco."
Atletas
Ghorayeb fez também um segundo estudo, com 117 atletas entre 8 e 16 anos. "Pedimos aos médicos das equipes que nos enviassem alguns atletas".
Os resultados mostraram que 45,2% desses jovens tinham alguma anomalia cardíaca, também desconhecida pelos pais.
"Esses números mostram que deveria ser obrigatório um exame clínico antes da prática esportiva ou da educação física."
Às vezes, ela tem de mudar de esporte. Outras devem receber um acompanhamento mais próximo de um médico para evitar que os problemas se agravem.
O estudo de Ghorayeb e colegas foi publicado na edição de janeiro/fevereiro da "Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo".

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