São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Brasil não deveria embarcar na globalização, diz Geraldo Banas

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DE DINHEIRO

Geraldo Banas pergunta no título de seu livro, "Globalização", se esta é "a vez do Brasil". A questão diz tanto sobre a posição do autor que não é preciso esperar a resposta.
A dúvida levantada pressupõe que a globalização seja algo que os países escolham. É claro que nenhuma nação é obrigada a globalizar sua economia. Mas é difícil argumentar que um país com a economia já internacionalizada tenha alguma outra alternativa a não ser seguir a tendência hegemônica.
Para Banas -empresário nascido em Berlim e que estudou economia na Sorbonne, em Paris-, a globalização é uma ambição dos países industrializados e das multinacionais, que querem "eliminar os obstáculos que tentem impedi-los de penetrar o mundo".
Ficaria fora dessa definição, portanto, a mesma ambição dos países menos desenvolvidos, de "penetrar o mundo" por meio de exportações. Por isso, "um export-drive deve ser empreendido a todo custo". Para Banas, em um ano de liberalismo o Brasil anulou o "esforço memorável" que resultou em grandes superávits.
Fundador da editora que leva seu nome, Banas tem o mérito, ao andar na contramão da opinião dominante, de chamar a atenção com mais ênfase para os problemas não enfrentados pelo binômio globalização/neoliberalismo.
Um deles é a questão da distribuição de renda. Citando dados de 1994 do Banco Mundial, Banas compara a situação do Brasil e da Coréia. A diferença entre o que recebe o mais pobre e o mais rico é de um para seis no país asiático e de um para 34 no Brasil.
É mesmo uma questão de ênfase, porque até os neoliberais concordariam com a crítica. Como reconhece Eduardo Giannetti, em "As Partes & o Todo", "para países como o Brasil, o neoliberalismo tem relativamente pouco a dizer no campo da política social".
"Globalização" é um livro desigual, que oscila entre informações de nível escolar (com alguns lapsos, como filiar Jango ao PT) e discussões macroeconômicas. O leitor familiarizado a história básica do Brasil nada perderá se pular os três primeiros capítulos.

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