São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Crescimento

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

Muitos leitores desta coluna devem ter lido a reportagem da Folha no último sábado sobre o estudo que estou conduzindo quanto ao crescimento da renda per capita nos Estados brasileiros e os fatores socioeconômicos que condicionam esse processo.
Alguns resultados são surpreendentes. Minas Gerais foi o campeão do crescimento entre 1939 e 1994, aumentando em 8,3 vezes a renda real de seus habitantes. A renda média no Espírito Santo, Santa Catarina, Sergipe e Bahia cresceu acima de sete vezes nos 55 anos estudados.
Isso indica que o processo de crescimento da economia é diversificado e complexo e não se concentra só apenas no hipotético "sul maravilha".
Por outro lado, Estados como Piauí, Maranhão, Rio de Janeiro e, no período mais recente, São Paulo têm crescido abaixo da média nacional. Nos casos de São Paulo e do Rio, isso é explicável pelo fato de que eles eram os Estados mais ricos do país nos anos 40.
Nos outros casos, o baixo crescimento advém de uma organização social perversa, que resulta da alta concentração da propriedade da terra, baixa escolaridade, miséria e poucas oportunidades para que o espírito empreendedor aflore na população.
O estudo completo sairá publicado no segundo semestre como um dos capítulos do livro que estou preparando, intitulado "Brasil: Crescimento Interrompido e Retomado".
É alentador verificar que as tendências básicas da economia são favoráveis ao crescimento. Mas isso não serve de consolo para o fato de que o crescimento será baixo e o desemprego alto em 1996 porque o governo se amarrou em uma âncora cambial malpensada.

Álvaro Antônio Zini Júnior, 43, é professor titular de Economia Internacional da Faculdade de Economia e Administração da USP e foi pesquisador associado da Universidade de Harvard em 1994.

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