São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Jobim exige silêncio sobre investigações

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Nelson Jobim, determinou à PF (Polícia Federal) que não divulgue mais informações parciais sobre as investigações da morte de Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino.
Esse também foi o teor do pedido feito ao legista Fortunato Badan Palhares. "Não podemos transformar a investigação policial em balbúrdia, no sentido de encontrar linhas de investigação para gerar debates públicos", disse Jobim.
Segundo ele, esse é o procedimento correto, "para não comprometer o resultado das investigações". O ministro não censurou as declarações feitas por Badan Palhares: "Ele está divulgando o que é necessário divulgar, já que o resultado final da investigação depende de transparência".
Legistas
Jobim disse ontem que não tem notícias de que os legistas que integram a equipe de Badan Palhares estejam sofrendo ameaças ou restrições a seu trabalho.
Jobim rebateu especialmente as críticas de Wanderley Leal Chagas, presidente da Associação Brasileira de Criminalística, que integrava até anteontem a equipe de Badan Palhares. Ele abandonou as investigações alegando "ingerência de estranhos ao trabalho".
"Essas declarações (de ingerência) não foram feitas pelos legistas. Essa foi a manifestação de um presidente de um sindicato nacional, que, ao que tudo indica, pretende aproveitar o fato para tentar sustentar uma tese corporativa de autonomia administrativa e financeira dos peritos", afirmou.
"Na verdade, sabe o que é? É para que se crie uma espécie de Ministério Público para os legistas. Isso significa isonomia salarial. Tudo isso é jogo salarial. Conheço bem esse jogo", afirmou Jobim.
Resposta
O presidente da ABC (Associação Brasileira de Criminalística), Wanderley Chagas, disse ontem estranhar as críticas do ministro Jobim ao projeto de lei elaborado pela entidade para a autonomia da perícia criminal.
Segundo ele, Jobim criticou o Programa Nacional de Defesa dos Direitos Humanos, lançado em maio passado, que prevê medidas em favor dos institutos de medicina legal e criminalística. "O ministro não poderia ser contra uma proposta assinada por ele mesmo e pelo presidente da República."

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