São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Polícia suspeita de cumplicidade de Zélia
VANDECK SANTIAGO
Segundo apurou a Agência Folha, foram adotadas medidas de vigilância para evitar que Zélia fuja do Estado. A polícia considera que o crime pode ter sido premeditado, e que Zélia teria conhecimento disso. Investiga-se também uma possível participação dela na suposta premeditação. No depoimento prestado anteontem (o segundo em cinco dias), Zélia contou que passou todo o dia 14 de junho com Suzana, tentando comprar uma arma. Na tentativa, conforme sua versão, as duas procuraram pelo menos seis pessoas. Foram a uma loja de armas de Maceió (a Colt 45), compraram balas e acabaram adquirindo o revólver (de marca Rossi, calibre 38) de Mônica Rodrigues Calheiros, em Atalaia (40 km de Maceió). No mesmo dia, conforme relato de Zélia, a namorada de PC teria feito pelo menos dois testes de tiro: um no sítio de um amigo comum (com outra arma), na periferia de Maceió, e o segundo em Atalaia, com o revólver que viria a ser utilizado no crime. Em seu primeiro depoimento, ela omitiu a peregrinação que fizeram para comprar a arma e mentiu quando disse que não havia escutado os tiros dados em Atalaia. No segundo depoimento, Zélia explicou que agiu assim por temer envolvimento no caso e para preservar as pessoas que ela e Suzana procuraram no dia 14. A namorada de PC queria comprar a arma para dar de presente à mãe, segundo Zélia. Para a polícia, essa versão é mentirosa e, ao contá-la, Zélia estaria tentando esconder algo que explicaria a motivação do crime. A mãe de Suzana, Maria Auxiliadora, e a irmã dela, Ana Luiza Noaro, disseram nunca ter tomado conhecimento do interesse dela em dar uma arma de presente. A polícia considera que Zélia praticou ainda dois atos suspeitos: no velório de Suzana, no último dia 24, deu entrevistas afirmando que ela nunca tivera uma arma. No dia anterior, à tarde, telefonou para Mônica Calheiros pedindo que ela não falasse para ninguém sobre a venda do revólver. A explicação de Zélia é a mesma dada para justificar as omissões e mentiras do primeiro depoimento: temia ser envolvida no caso. Segundo o delegado Cícero Torres, que preside o inquérito sobre a morte de PC e Suzana, ela agencia garotas de programa. "Isso não é verdade", afirmou Roberto Marques, advogado de Zélia. "Ela não tem carro e mora num bairro pobre. Se fosse agenciadora de mulheres, é claro que o padrão de vida dela seria bem superior." "Zélia é a parte mais fraca dessa história toda. Querem fazê-la de Cristo, mas não existe nada que a incrimine", disse Marques. Texto Anterior: Alagoanos e paulistas vão assinar laudo em conjunto Próximo Texto: Namorada deve depor hoje Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |