São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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'Meu salário não dá para nada'

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sônia Viana Simões, 28, dá aulas de estudos sociais para alunos da 4ª série na Escola Classe 2 do Paranoá (cidade-satélite de Brasília) há cinco anos.
Ela recebe R$ 950 por mês (salário bruto, sem descontos) para trabalhar 40 horas por semana.
Formada em geografia, história e OSPB por uma faculdade privada de Brasília, Sônia pretende fazer mestrado em geografia para completar sua formação.
Mas, por enquanto, deixou o projeto de lado porque afirma não ter como pagar os R$ 500 mensais do curso de mestrado da Universidade Católica.
Sônia é desquitada e mora com o filho de 7 anos em um apartamento próprio de dois quartos, no Cruzeiro (bairro de classe média de Brasília).
Vai para o trabalho de carro, e o filho estuda em escola particular. Segundo Sônia, sem a ajuda do ex-marido ela não teria como se sustentar.
"Meu salário não dá para nada. O aluguel de um apartamento como esse custa R$ 700. Só para ir ao trabalho gasto R$ 200 de gasolina por mês. É muito caro viver em Brasília."
Para ela, o desempenho dos alunos não tem relação com o salário recebido por seus professores.
"Tenho um tio que é formado em sociologia e ganha uma miséria para dar aulas na 5ª série de uma escola pública em Maceió. No Brasil, só dá para ser professor com muita abnegação."

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