São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Corinthians deriva às vésperas do Brasileiro

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E o Corinthians segue à deriva, correndo o risco de desembocar no Campeonato Brasileiro com Alcindo, Roberto Gaúcho etc. e, ainda por cima, sem Marcelinho e Edmundo. Terrorismo? Não.
É que, enquanto o perigo amarelo ronda Marcelinho -bingo?-, Eurico Miranda redescobriu Edmundo, por quem oferece ao Flamengo o lateral Pimentel, que desceria na Gávea suavemente.
Ora, como a atual diretoria corintiana não parece capaz nem sequer de preencher os vazios da equipe, quem garante que terá força e agilidade para preservar as duas únicas estrelas da equipe?
Aliás, no caso de Marcelinho, é muito mais: trata-se de praticamente o time todo.
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Já o Palmeiras corre atrás de Paulo Nunes para compensar o vacilo da perda de Muller. Bom jogador, veloz, esperto e experiente, embora jovem. Mas nada a ver com Muller. São estilos diferentes e patamares técnicos distintos.
É bem verdade que não há um clone de Muller no futebol brasileiro, para não dizer mundial. Logo, qualquer um que venha provocará substanciais mudanças no comportamento tático do time.
Cá entre nós, a melhor solução seria, no caso, mudar um pouco o posicionamento de Cafu, promovendo a entrada de Zé Maria pela lateral.
Mas, essas coisas, o futebol ensina, só se resolvem mesmo com a bola rolando.
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O Santos, pelo jeito, está usando a dinheirama de Giovanni com parcimônia e juízo. Esse menino, Ceres, lateral-esquerdo da Ferroviária, leva jeito: é canhoto, ataca com fervor e defende com denodo. Além do mais, bate na bichinha como um cão.
Assim como transfiro os elogios apressados feitos tempos atrás ao Palmeiras para a Vila, que se arruma para receber a dupla Marcos Assunção e Alexandre, do Rio Branco.
Se conseguir Bentinho -o que acho improvável-, então, terá fechado o ciclo de contratações com chave de ouro.
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Se o Flamengo quer mesmo Pimentel, o tricolor pode ir procurando outro lateral-direito. Aliás, já está: Rodrigo, atualmente na Alemanha, que me parece outro furo n'água.
Cadê, pois, a famosa rede de olheiros do tricolor, tão celebrada nos tempos de fastígio do bicampeonato mundial?
PS: falando de São Paulo, ainda no domingo, num dos intervalos da mesa redonda do Avallone, André me confidenciou que gostaria -e muito- de jogar como segundo volante, ao lado de Axel, conforme venho defendendo aqui.
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Bebeto, Romário e Sávio, e o Flamengo volta a embalar o ataque dos sonhos. Mas, se não tiver no meio-campo (e não tem) alguém que faça a bola chegar lá na frente redonda e mansa, corre o sério risco de voltar ao pesadelo dos tempos de Edmundo. É bem verdade que Bebeto, ao contrário de Edmundo, é muito mais solidário. Mas isso não basta.
Precisaria de alguém como... Como, se terá apenas três meio-campistas neste universo de quatro? Sei lá, alguém como o búlgaro Letchkov, múltiplo e ainda assim preciso e inteligente na armação de jogadas.

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