São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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PF avaliza o trabalho da polícia alagoana

EMANUEL NERI
DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

"O trabalho da Polícia Civil de Alagoas está correto." A avaliação é do delegado da Polícia Federal Pedro Berwanger.
Ele disse na noite de ontem que sua "missão" em Maceió estava cumprida. O delegado, entretanto, não quis endossar claramente a tese defendida pela polícia local de que Suzana Marcolino matou seu namorado Paulo César Farias e, em seguida, se matou.
Isso porque, segundo disse, não veio para Alagoas investigar, mas acompanhar o trabalho da polícia civil. "E esse trabalho está na linha certa", afirmou o delegado.
Berwanger ficará em Alagoas até domingo para checar alguns detalhes e elaborar o relatório final, que será enviado pela PF ao ministro da Justiça, Nelson Jobim.
Questionado pelos jornalistas, o delegado admitiu que o procedimento da polícia local teve falhas.
"O colchão em que os corpos foram encontrados, por exemplo, não poderia ter sido queimado, mas isso não tem um peso que possa mudar o rumo do caso."
Com relação às ligações telefônicas, Berwanger disse que, segundo tinha investigado até ontem, não havia nada que pudesse comprometer alguma outra pessoa.
Segundo o delegado, o laudo técnico que está sendo preparado por legistas e peritos criminais de Alagoas e São Paulo é a peça que falta para conclusão do caso.
Berwanger disse que é demorada a checagem de 11 contas telefônicas de pessoas cujos nomes constam do inquérito.
Segundo ele, algumas pessoas, cujos nomes não quis revelar, têm se enganado ao dizer que ligaram de um aparelho quando a checagem comprova que a ligação foi feita de outro telefone.
Berwanger classificou de "enganos" essas informações erradas, já que os horário registrados nas contas em geral têm coincidido com os depoimentos.
"Isso é normal. Às vezes, a pessoa diz que ligou de um celular, mas depois se lembra que pegou outro celular para ligar", disse.
Berwanger afirmou também que o apelido de "cão farejador" foi ganho por engano. "Alguém falou bom investigador e um repórter entendeu cão farejador."
Vestindo terno cinza escuro com gravata em tom de vermelho da mesma estampa do lenço no bolso, o delegado disse que não é bom para um policial ter fama.
Perfil psicológico
O legista Fortunato Badan Palhares, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), informou que vai anexar ao seu laudo um perfil psicológico de PC e Suzana.
O trabalho será feito por psiquiatras e psicólogos indicados pela polícia de Alagoas.

Colaborou EMANUEL NERI, enviado especial a Campinas

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