São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Voz tem tom "impositivo e agressivo"

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

Responsável pelo laboratório de Fonética Forense da Universidade de Campinas, Ricardo Molina de Figueiredo disse ontem que as fitas com a gravação das ligações telefônicas de Suzana Marcolino para o dentista Fernando Colleoni podem apresentar novidades.
Segundo ele, a voz de homem que fala ao fundo com Suzana enquanto ela ligava para Colleoni faz uma intervenção "em tom impositivo e agressivo". Inicialmente, essa frase foi identificada por peritos como se essa segunda pessoa tivesse dito: "Tamos esperando".
Depois de ouvir dezenas de vezes a fita, Figueiredo diz que "seguramente a frase não diz isso, mesmo porque está fora do contexto anterior". Na gravação, uma voz masculina se dirige inicialmente a Suzana com a seguinte observação: "Cê tá fazendo o quê?".
"Te arruma", diz a voz. "Se arrumo", responde Suzana. Em seguida, surge a frase em "tom impositivo e agressivo" que ainda não foi identificada totalmente.
"A análise pode indicar se havia outras pessoas além da que sussurrava para Suzana. Podemos conseguir, por exemplo, identificar o movimento de alguém, ou o abrir e fechar de janelas no local de onde ela telefonava", afirmou.
Figueiredo viaja amanhã para a Alemanha com uma cópia da fita.
Ele acha que técnicos em fonética forense poderão ajudar a esclarecer o teor final da fita. Um desses técnicos é o americano Harry Hollien, considerado o "papa" nesse tipo de técnica.
Figueiredo vai participar de um congresso da Associação Internacional de Fonética Forense. Ele pretende fazer a transcrição da fita nos modernos equipamentos do laboratório BKA, do Instituto de Criminalística da polícia alemã, na cidade de Wiesbaden.
Já o Laboratório de Fonética Forense da Unicamp é o único do país aparelhado adequadamente para investigações de gravações relacionadas a crimes.
"A única diferença (em relação ao laboratório alemão) é que lá eles têm oito laboratórios de voz, o que torna mais rápido o trabalho. Mas o que pode ser feito lá também pode ser feito aqui", afirmou.

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