São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Fundo da ECT perde US$ 500 milhões

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Um rombo de R$ 500 milhões no Postalis (Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos) será apontado no relatório final da CPI sobre os fundos de pensão, a ser divulgado nos próximos dias.
Segundo o documento, a que a Folha teve acesso, parte do prejuízo veio da suposta compra de imóveis a preços acima dos de mercado e de investimentos sem retorno, levando a perdas que superam o patrimônio do fundo, que é de US$ 300 milhões.
A CPI apontará participação do Postalis na seguradora Vanguarda em sociedade com Bamerindus, Icatu e Globopar. A lei proíbe a participação de fundos de pensão em sociedades de capital fechado.
"Aparentemente, o interesse dos acionistas privados era utilizar a rede de agências e a credibilidade da ECT para vender seguros, pelo que o Postalis ficaria com 20% de participação ", diz o relatório.
O fundo de pensão dos funcionários da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) entrou com US$ 370 mil no negócio, iniciado em 27 de janeiro de 1993. Só deixou a seguradora em 7 de abril de 95.
No hotel Hot Springs, em Caldas Novas (GO), o Postalis investiu US$ 1,9 milhão na compra de 50 apartamentos, pagando cerca de US$ 50 mil por unidade.
A Caixa Econômica Federal avaliou cada apartamento em duas ocasiões diferentes: em 92 (US$ 19.557) e e93 (US$ 15.541).
"Em abril de 96, o diretor fiscal (do Postalis) afirmou que os imóveis estão sendo comercializados por US$ 18 mil", diz o relatório.
Em janeiro de 92, o instituto comprou do Grupo OK, em Brasília, o Centro Empresarial Varig, por US$ 7,1 milhões. Em dezembro de 92, a CEF avaliou o centro em US$ 4,9 milhões.
Problema semelhante ocorreu, segundo o relatório, em maio de 91, na compra do edifício número 200 da Praia do Flamengo (zona sul do Rio), por US$ 4,3 milhões.
"Posteriormente, para efeito de atualização do balanço do Postalis de 31 de dezembro de 92, a CEF avaliou as unidades em US$ 3,1 milhões", diz o relatório.
Ainda segundo o documento, o fundo apresentava déficit "desde 86, camuflado por artifícios fraudulentos". Indícios de irregularidades teriam sido detectados em 93 em inspeção da Previdência.
A mesma inspeção constatou que o plano de benefícios do Postalis "tinha uma falha estrutural, pelo fato de as aposentadorias serem calculadas levando em conta a média dos salários anteriores sem correção monetária, o que ocasionou benefícios irrisórios".

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