São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Ai, que saudade que dá do Bronco Dinossauro!

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Fui uma das jornalistas convidadas pela TV Cultura para entrevistar o humorista Tom Cavalcante no "Roda Viva" da última segunda.
Conversei com ele antes, durante e depois do programa e confirmei minhas suspeitas: "Sai de Baixo" é muita areia para pouco caminhão. E, pelo visto, não adianta fazer duas viagens, não.
Eu explico: descobri que fora do palco, apesar de um tanto caretinha, Tom é engraçado para dedéu.
É aí que está o problema. Se levarmos em conta a tarimba da direção, dos redatores e do elenco do programa, "Sai de Baixo" não passa de um exercício de "risus interruptus".
Desconfio que o sucesso de "Sai de Baixo" se deva única e exclusivamente ao fato de que seu humor, por mais batido que seja, serve para espantar o baixo astral do final da noite de domingo. Claro, tratar o programa como se fosse espetáculo teatral, com palco e platéia, ajuda.
Mas como explicar que mesmo contando com artistas do gabarito de Tom, Cláudia Gimenez, Luís Gustavo, Aracy Balabanian e Marisa Orth (deixo de lado o Falabella, que considero apenas um autor bem-sucedido) e com redatores do nível de Cláudio Paiva (do "Casseta e Planeta") eu não consiga dar uma só risada dos "causos" que rolam no apartamento do seu Vavá? E olha que eu tenho o intestino, digo, o riso frouxo. Tá vendo?
O leitor vai achar que sou a mais antipática das criaturas, mas minha carranca não se aplica somente ao "Sai de Baixo". Confesso que nunca, nunca, nunca consegui esboçar nem sequer um sorriso amarelo em anos e anos de exposição aos esquetes de Chico Anysio (que na verdade posa de santa, mas cansa de usar os melhores humoristas do país como escada), da "Praça é Nossa" e até do "Programa Legal".
Acho que, à exceção de alguns poucos episódios da "TV Pirata", a última vez que dei risada de algum programa humorístico nacional foi com aquela aeromoça que tinha medo de avião, criada para um dos programas do Jô pelo Max Nunes, e, claro, com o Golias, meu humorista tapuia predileto. Aliás, o Golias é um dos maiores problemas de "Sai de Baixo". Para gente como eu, que era fanática pela "Família Trapo", assistir à sua versão globalizada anos 90 é de matar de saudades.

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