São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Desemprego feminino é maior do que masculino

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mulher perde nas duas pontas do mercado de trabalho. Se o valor que recebe já é, em média, mais baixo do que o do homem, na questão do emprego a situação se inverte: o desemprego feminino é maior do que o masculino.
Para piorar, até abril a taxa de desemprego das mulheres vinha crescendo numa velocidade maior do que a dos homens.
Isso só parou de acontecer em maio, quando, pela primeira vez no ano, o desemprego feminino caiu (3,7%).
Em abril, na Grande São Paulo, o desemprego feminino aumentou 6,8% em relação a março -segundo a Fundação Serviço Estadual de Análise de Dados (Seade). Entre os homens a taxa cresceu significativamente menos: 4,5%.
Mesmo com a pequena queda do desemprego feminino em maio e o aumento do desemprego masculino, a diferença de gênero no mercado de trabalho ainda é muito expressiva.
Segundo os dados da Fundação Seade, são 14,6% de homens desempregados, contra 18,1% de mulheres.
Em abril o quadro era ainda mais grave: 18,8% da População Economicamente Ativa feminina da Grande São Paulo estava desempregada. Foi um recorde: cerca de 550 mil mulheres sem emprego.
Para Lena Lavinas, pesquisadora do Ipea e professora da UFRJ, o fenômeno é fruto da crescente disputa entre homens e mulheres por postos de trabalho.
Segundo ela, há uma migração de homens do setor industrial, onde houve mais demissões, para setores tradicionalmente femininos, como o de serviços: "Isso fez aumentar a competição". Em prejuízo das mulheres, que perderam empregos.
O problema, segundo a pesquisadora, é que a recíproca não é verdadeira. "Não estamos (as mulheres) conseguindo entrar nos mercados de trabalho masculinos", conclui.
Nesse ponto, nem a maior taxa de escolaridade da população feminina tem ajudado na disputa pelo emprego. "A questão hoje não é só escolaridade, mas experiência no trabalho", afirma Lena.

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