São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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CARTA A SARNEY

Londres, 15 de abril de 1985
Caro Sarney,
...Precisamos, à bessa, de políticas sociais -mas elas têm de ser financeiramente virtuosas... Outro gesto de grande charme para a esquerda: reatar relações com Cuba. "Eles" ficariam meio ano digerindo esse pitéu, obrigados a achar que "pô, esse Sarney até que não é assim tão reaça..."
Cuba, hoje, não oferece maiores perigos na América do Sul. O guevarismo já era. E o reatamento tem pelo menos três vantagens para nós:
a) abriria um significativo potencial de exportações brasileiras;
b) permitiria ao Brasil influir, em boa medida, na conduta internacional de Havana, como faz o México, em sentido moderador e realista;
c) evitaria que, no futuro, nosso reatamento se desse a reboque de uma conciliação diplomática Cuba/USA, reconciliação essa, a médio prazo, tão certa quanto o foi o reconhecimento de Pequim por Washington, na década passada.
Seu confrade-benjamim se candidata a essa ingrata tarefa, que não deve ter a menor publicidade. Meu renome intelectual anti-marxista já é mais do que suficiente para que, do lado brasileiro, civil e militar, possa ser depositada total confiança em mim.

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