São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Cena do crime gera dúvidas e perguntas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma hipótese, da qual derivam diversas interrogações, parece ir se firmando entre as inúmeras versões que têm surgido nas reviravoltas das investigações da morte de PC Farias e Suzana Marcolino da Silva: a cena do crime não é aquela que se viu nas fotografias feitas pela perícia.
É o que se pode deduzir de uma série de indícios e de declarações dadas por pelo menos três legistas.
O mais prestigiado deles, Badan Palhares, da Unicamp, declarou ao longo da semana que PC teria sido assassinado deitado. "Mas não estou afirmando que foi naquela posição em que aparece nas fotografias", ressalvou.
Antes do pronunciamento de Palhares, outro especialista renomado, Nelson Massini, que atuou nas investigações do massacre dos sem-terra no Pará, já havia manifestado dúvidas quanto à cena.
As imagens divulgadas também foram questionadas, de forma veemente, por George Sanguinetti, professor da Universidade Federal e coronel da PM de Alagoas.
Uma nova versão, que poderia corroborar a hipótese da cena montada, surgiu em reportagem de "O Globo". O jornal carioca publicou ontem a história de Madson Costa, técnico em aparelhos de radiotransmissão, em Itabuna, sul da Bahia, que diz ter interceptado um radioamador afirmando que PC morrera na praia.
Costa teria avisado um amigo sobre o ocorrido, que passou a informação para a polícia alagoana e para o legista George Sanguinetti.
O delegado Cícero Torres, que preside o inquérito do caso, considerou "absurda" a versão da conversa entre os radioamadores.
Outros fatos contribuem para a hipótese da cena alterada: 1) a inexistência de impressões digitais na arma; 2) as fotografias em que a arma aparece e desaparece da cena, mas não na posição em que a polícia diz tê-la encontrado; 3) a queima do colchão e dos lençóis; 4) o desaparecimento da bolsa e de objetos pertencentes a Suzana.

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