São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Abril acaba com "inverno" da economia

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os meses de abril e maio derrubaram a temperatura nos termômetros, mas apresentaram os primeiros sinais de reaquecimento da economia. Desde meados de 95 que isso não acontecia.
O governo, nas palavras do ministro Antônio Kandir (Planejamento), aposta que a retomada é moderada, mas sustentável.
Outros economistas têm uma explicação um tanto diferente. "Não tenho dúvida de que há um componente eleitoral nisso, basta ver como estão soltando o crédito. Mas não creio que isso ajude muito nas urnas", diz o ex-ministro Delfim Netto (PPB-SP).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, registrou, em abril, um crescimento de 2,6% na produção industrial -o setor que, até então, era o mais atingido pela recessão.
Em maio, o faturamento do comércio no Rio de Janeiro, também medido pelo IBGE, aumentou 7,3%. Em São Paulo, o consumo global de energia elétrica acumulou um crescimento de 3,1% de janeiro a maio, segundo a Secretaria de Estado de Energia.
Os índices de emprego também apontam para um crescimento. Em abril, o setor de serviços, entre contratações e demissões, teve um saldo positivo de 23.492 vagas. Em seguida vieram a indústria, a construção civil e o comércio.
"A recuperação está além do efeito sazonal", analisa André Urani, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Na sua opinião, o aquecimento da economia não se deve apenas ao fato usual de que a atividade econômica é sempre maior no segundo semestre por conta da preparação para as vendas de final de ano.
"Há a eleição, os juros estão mais baixos, as exportações estão crescendo", enumera o economista. Coincidência ou não, o setor público teve um saldo de de 3.037 contratações em abril.
"Se não houver uma expansão robusta das exportações, ou um corte dramático das importações, esse crescimento não é sustentável: daqui a pouco a balança comercial explode e o governo tem de apertar de novo", diz Delfim.

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