São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Kandir calcula crescimento de 3% do PIB em 96

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se seguir os planos do governo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro -a soma de tudo que se produz no país ao longo do ano- deverá fechar 96 com um crescimento de 3% em relação a 95.
Ao menos é o que prevê o ministro do Planejamento, Antônio Kandir. Para compensar o baixo crescimento, o governo tenta implementar três programas de geração de emprego e novas empresas.
Mesmo para conseguir atingir a média anual de 3%, a economia terá que crescer a uma taxa de 5% ou 6% entre outubro e dezembro, calcula Delfim Netto (PPB-SP).
Isso porque o PIB terá que compensar o fraco desempenho do primeiro trimestre do ano, quando caiu 2,07%. O crescimento anual do PIB é calculado pela média dos quatro trimestres comparada à média do ano anterior.
Crítico da política cambial do governo, Delfim acha insuficiente o crescimento de 3% ao ano. A taxa, na sua opinião, não basta para absorver os aumentos da oferta de mão-de-obra e da produtividade.
"Seria preciso crescer, na média, 6% ao ano. E para 1997 há pouca chance de o crescimento ser maior do que 4% ao ano", alfineta o ex-ministro.
"Boom em 98"
"Para a retomada do crescimento da economia ser sustentável, ela precisa ser moderada", afirma o ministro Kandir. Suas projeções de crescimento do PIB para este ano e para o próximo batem com as de Delfim. "O 'boom' virá em meados de 98", diz.
A divergência entre os dois economistas é a estratégia. Kandir concorda que o país precisa crescer -"e muito"- nessa fase de transição, mas afirma que o crescimento, em si, não basta para atender a demanda por emprego.
"Depois da indústria, o avanço tecnológico chega agora devorando postos de trabalho no setor de serviços. Por mais que cresça a economia, dificilmente assegurará empregos em número suficiente", afirma o ministro.
Na sua opinião, o mercado não resolverá sozinho a questão do desemprego. "É por isso que o governo está desenvolvendo políticas públicas de ocupação e renda".
Dinheiro externo
Com os recursos orçamentários apertados, o governo está apelando a empréstimos internacionais via BNDES. O banco administra programas de financiamento de obras, que devem gerar empregos, e de crédito para microempresas.
O primeiro programa, de R$ 9 bilhões por três anos, financia grandes projetos. Kandir quer rapidez do BNDES no processo de liberação da verba. No segundo programa, o BNDES deve liberar R$ 500 milhões em financiamentos para microempresas, cobrando cerca de 20% de juros ao ano. É um programa para a classe média.
O terceiro é um programa de crédito popular. Financiará a compra de ferramentas, máquinas de costura -ou seja: instrumentos para o desempregado de baixa renda se transformar num microempreendedor.

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