São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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"Brasil não precisa proibir uso", diz Abra

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Brasileira do Amianto (Abra) não vê necessidade de proibição do uso do amianto no Brasil por problemas de saúde que possam afetar os trabalhadores que manipulam o produto.
Para o vice-presidente da Abra, o médico Wagner J. Meirelles, há vários fatores que justificam a não-proibição do uso do mineral. Primeiro: o país produz apenas o tipo crisotila (amianto branco), o menos nocivo à saúde.
Segundo: a extração e a industrialização do mineral são feitas em condições de segurança para os trabalhadores acima inclusive das recomendadas pela Organização Internacional do Trabalho.
"A filosofia do uso controlado é evitar que o trabalhador aspire a fibra. O objetivo é impedir que a poeira do amianto fique em suspensão no ar", afirma Meirelles.
Para isso, são usados processos de extração e industrialização a úmido (com o uso constante de água) e de aspiração, impedindo que as fibras fiquem no ar e possam ser aspiradas pelas pessoas.
Segundo a OIT, o limite máximo permitido é de 2,0 fibras de amianto por cm3 de ar. Meirelles diz que um acordo entre a indústria do cimento-amianto e os sindicatos dos trabalhadores determina que esse limite seja de, no máximo, 0,45 fibra por cm3. Nos Estados Unidos o limite é de 0,10 fibra por cm3.
Esse acordo está em vigor desde 1º de janeiro deste ano, valendo até 30 de abril de 98. A partir de 1º de maio de 98 o limite será reduzido para 0,30 fibra por cm3 de ar.
Meirelles afirma que a proibição do uso do produto pode ter caráter político-econômico. É que, segundo ele, o custo do amianto é baixo em relação a fibras sintéticas (lã de vidro, por exemplo) que poderiam ser usadas com o mesmo fim.
O Brasil não usa, segundo Meirelles, o amianto pelo sistema de jateamento (spray). Esse sistema de aplicação foi muito usado nas décadas de 40 e 50 na América do Norte, Europa, Austrália e Japão como isolante térmico (por causa do frio) e proteção contra o fogo.
O sistema fazia com que as pessoas ficassem expostas a quantidades excessivas de fibras no ar. A partir dos anos 70 o jateamento foi sendo progressivamente proibido em muitos países e praticamente já não existe no mundo inteiro.

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