São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996 |
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França proíbe o uso de amianto já em 97
LUIZ ANTONIO RYFF
A medida entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 1997. A França não produz amianto -as 35 mil toneladas usadas são importadas do Brasil, Rússia e Canadá. O governo tomou a decisão na quinta-feira, um dia após a divulgação do relatório feito por cientistas do Inserm (Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica) alertando para o risco de produtos que contenham amianto. Segundo o relatório, todos os tipos de amianto são perigosos, provocam câncer, e qualquer contato com o material é perigoso ao ser humano. O documento estima que 1.950 pessoas morrerão este ano em consequência da contaminação do amianto na França -1.200 com câncer pulmonar (asbestose) e 750 vítimas de câncer na pleura (mesotelioma). A contaminação pelo amianto se dá lentamente. O câncer na pleura demora em média 20 anos para se desenvolver e, em 90% dos casos, só aparece 40 anos depois do início da exposição. Com a medida, a França é o oitavo país do mundo a proibir o uso do amianto. Os outros também são europeus: Alemanha, Dinamarca, Holanda, Itália, Noruega, Suécia e Suíça. Poeira Na França, o amianto começou a ser muito usado a partir dos anos 60, na indústria de construção civil, na forma de cimento-amianto -que responde por 70% da fabricação de produtos no país. O cimento-amianto é um produto usado nas paredes, divisórias e forros por ser considerado ótimo isolante térmico e sonoro, além de material não-inflamável e de baixo custo. O problema é que, com o tempo, o amianto se desprende das paredes em forma de poeira e começa a se acumular no ar. A inalação dessa poeira é a responsável pelos problemas respiratórios. O amianto também é responsável pela asbestose, doença que se caracteriza pelo enrijecimento das paredes dos pulmões, diminuindo a capacidade respiratória. Além da construção civil, outros setores também usam o amianto -caixas d'água, freios dos automóveis, têxteis, revestimentos de pisos etc. Na França, onde desde 1977 os 2.500 trabalhadores do setor estão submetidos a um controle rigoroso, o risco de contaminação é maior entre aqueles que têm contato eventual com o material. É o caso, por exemplo, de eletricistas, bombeiros e trabalhadores da construção naval, que utilizam materiais que contêm amianto. Texto Anterior: Reserva no Banco Central em 95 era de R$ 12,46 bi Próximo Texto: "Brasil não precisa proibir uso", diz Abra Índice |
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