São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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A BELEZA OLÍMPICA

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagem de brutalidade preocupa as brasileiras que vão a Atlanta

Mostrar beleza e sensualidade em meio a uma disputada partida de basquete ou vôlei de praia não é fácil, reclamam atletas preocupadas com a feminilidade.
A imagem de brutalidade associada aos esportes incomoda tanto que as atletas chegam a não se chatear com uma ofensa que a maioria das mulheres considera uma grosseria.
"Vou confessar: acho melhor ouvir gente gritando gostosa do que ofensas, tipo gordinha ou horrorosa. É bom para o ego", diz a jogadora de vôlei de praia Adriana, irmã de Tande, da seleção de vôlei.
"O esporte esconde a sensualidade. A gente está sempre suando, com cabelo preso e aquele shortão. Não é nada atraente", reclama Paula, da seleção de basquete.
"Toda mulher pode ser sensual e charmosa. Mesmo no judô", diz a peso leve Danielle Zangrando.
Aos 16 anos, Danielle diz que, fora do tatame, é "supervaidosa".
Lá dentro, está sempre com o cabelo preso e é obrigada a usar uma camiseta por baixo do quimono e um top, de lycra, por baixo da camiseta. "Sem a camiseta me sentiria nua", diz Danielle.
Além dos uniformes que escondem o corpo, as mulheres também reclamam que não podem ser comparadas a modelos ou atrizes.
"A beleza no esporte é diferente. A musculatura chama a atenção e, em alguns casos, como o meu, a altura também é uma coisa diferente", diz a pivô Alessandra.
"Não tenho vergonha do meu tamanho, pelo contrário. Onde vou, chamo a atenção.", brinca.
Maria Aparecida Barbosa de Souza, que disputará a prova de salto triplo, também acha que a beleza das atletas não tem nada a ver com os padrões vigentes. "Por mais que digam que salto triplo é uma prática de muito impacto, acho uma coisa sensual", diz.
Seu esporte exige pernas bem fortes -o que é uma qualidade, defende. "Mesmo quando parar de competir, vou fazer musculação. As pernas fortes são bem admiradas."
Exceção entre as atletas, Vanessa Menga diz usar dentro da quadra roupas mais ousadas do que fora. "Não saio com saia tão curta quando a de tênis."

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