São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Eleitor desconfia de Clinton e teme futuro

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A situação da economia norte-americana dificilmente poderia ser melhor: a taxa de desemprego é a mais baixa da década, não há qualquer sinal de inflação à vista, o déficit público está diminuindo, o PNB cresce de forma sustentada.
No entanto, as pesquisas de opinião pública mostram que a população está rachada ao meio no que se refere à aprovação da maneira como o presidente Bill Clinton conduz a economia, e que a maioria tem medo do futuro.
Esta não é a única contradição que as pesquisas mostram sobre a atitude dos norte-americanos em relação a Clinton.
Por exemplo, 49% acham que ele fez alguma coisa ilegal no caso Whitewater, e 50% acreditam que ele teve conhecimento prévio da requisição irregular pela Casa Branca de dossiês do FBI.
Mesmo assim, 62% dos entrevistados afirmam que Bill Clinton tem honestidade suficiente para permanecer na Presidência.
Embora só 18% achem que a personalidade de Clinton se destaca pelos seus valores éticos, e 51% digam o mesmo em relação a Bob Dole, se a eleição de novembro fosse agora o presidente seria reeleito com 54% dos votos. Só 40% dos pesquisados escolheriam o candidato da oposição.
Ou seja: apesar de a economia ir muito bem, com previsão de crescimento de 4% para o segundo trimestre (em relação ao mesmo período do ano passado) e índice de desemprego de 5,3%, a confiança da população no presidente é tão frouxa que ela não consegue acreditar que as coisas possam continuar assim por muito tempo.
Mas, por outro lado, o republicano Bob Dole não conseguiu até agora apresentar nem sequer algumas idéias esparsas sobre como conduzir a economia, que dirá um projeto detalhado.
Deficiências
Em relação ao caráter, o raciocínio parece ser o seguinte: Clinton não tem nenhum, mas quem precisa de caráter para governar bem?
Se Clinton tivesse um adversário poderoso, o que o público percebe como deficiências de caráter poderiam lhe custar a reeleição.
E se ele fosse uma liderança mais confiável, diante de um rival tão frágil do ponto de vista eleitoral como Dole, Clinton teria a maior margem de vantagem da história do país em novembro.
Mas como Clinton é quem ele é, qualquer coisa pode acontecer. Ele pode até perder a eleição, apesar do sucesso completo da economia no seu governo.
Como pode -o mais provável- vencer com folga, apesar da maioria dos eleitores achar que ele é, no mínimo, um escroque barato, capaz de pequenas vigarices.

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