São Paulo, terça-feira, 9 de julho de 1996
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Propaganda do Real tem números errados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A propaganda dos dois anos do Plano Real apresenta índices errados em relação ao aumento de consumo de nove produtos no período de julho de 94 a junho de 96.
A campanha (que começou a ser veiculada no dia 1º de julho e continua nesta semana em revistas) foi elaborada pela Denison Rio Comunicação e Marketing Ltda.
A empresa divulgou nota, com data do último dia 5, na qual reconhece erros em quatro índices: 1) o consumo de feijão aumentou 1,4%, não 87%; 2) o consumo de carne cresceu 4,5%, não 96%; 3) o do frango foi 16,9% maior, não 80%; 4) o consumo de ovos aumentou 16,4%, não 82%.
Os dados utilizados na correção são atribuídos à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esses índices são diferentes de outros fornecidos por empresários. Segundo a União Brasileira de Avicultura, o consumo de carne (bovina, suína e de frango) teve aumento de 13,09% entre 1994 e 1995. A previsão é que o aumento fique em 16,99% entre 1994 e 1996.
Os dados da Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação) sobre o consumo de alimentos também são diferentes.
O consumo de alimentos em geral teve crescimento de 12% nos dois anos de Real, disse à Folha Denis Ribeiro, do departamento econômico da Abia. Ou seja, inferior aos 30% citados na campanha.
No caso das massas, a situação é bem contrastante. A campanha do governo fala num aumento de consumo de 16%, mas os dados da Abia mostram uma queda de 6%.
Essas informações não incluem os produtos importados. Mesmo assim, Ribeiro acha difícil que o incremento tenha sido da ordem de 16%. Segundo a Abia, o consumo de bolachas e biscoitos cresceu 43,7% durante o Real (a propaganda fala em 30%).
Pouco tempo
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, atribuiu ontem o erro ao pouco tempo que a Denison teve para preparar o anúncio.
Segundo ele, o resultado da licitação saiu em 26 de junho, e a propaganda foi publicada cinco dias depois. O contrato foi firmado entre o Banco Central e a Denison por um período de um ano e custou R$ 10 milhões.
Foram produzidos dois filmes de 30 segundos para a TV e quatro spots de mesma duração o rádio. Os jornais e as revistas também publicaram anúncios com tamanho de duas meias-páginas.

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