São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
Próximo Texto | Índice

SP adota o 'supletivo para crianças'

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo deverá implantar, ainda este ano, cerca de 2.000 classes de aceleração -uma espécie de supletivo para crianças.
O objetivo é permitir que alunos que já tenham sido reprovados pelo menos duas vezes possam "avançar" para séries mais adequadas às suas idades.
O projeto deve cobrir estudantes de 1ª a 4ª séries. As classes serão instaladas em cerca de 700 escolas da rede estadual -que tem 6.800 estabelecimentos- e vão atender 60 mil alunos.
No primeiro semestre, foi iniciado um projeto-piloto na Grande São Paulo, com 10 mil alunos, em 417 classes e 160 escolas.
A classe de aceleração é mais uma das peças da reforma no ensino do Estado de São Paulo, que está sendo implantada pela secretária da Educação, Rose Neubauer.
Este ano foram recriadas as escolas primárias -de 1ª a 4ª série. Até 1995 a maioria das escolas era de 1ª a 8ª série.
As classes de aceleração poderão "descongestionar" essas séries iniciais, mais lotadas devido aos altos índices de repetência (11,7% no 1º grau no ano passado).
Dados alarmantes
Segundo estudo da Secretaria da Educação, feito em 1993, cerca de 30% dos alunos de 1º grau estão defasados mais de dois anos em relação à série adequada à sua idade.
Com dados de alunos que repetiram uma vez ou mais -e não duas vezes ou mais-, os indicadores de defasagem são ainda mais alarmantes (veja quadro).
Cada classe de aceleração deverá ter no mínimo 20 alunos e no máximo 25, segundo resolução de 3 de julho passado da secretaria.
Haverá classes de aceleração 1 e 2. A número 1 será para alunos com 10 anos ou mais que ainda estejam na 1ª ou 2ª série. A número 2, para alunos com 11 anos ou mais que estejam na 3ª ou 4ª série.
Após um ano -de 180 dias letivos e cinco horas diárias de aula-, alunos da classe de aceleração 1 poderão ir para a 4ª série, 5ª série, ou para a classe de aceleração 2.
Na aceleração 2, o aluno deve ir para a 5ª série. A frequência é obrigatória em 75% das aulas.
Os alunos terão professores treinados especificamente para o programa. Esses professores serão escolhidos pelo diretor, em conjunto com supervisores de ensino.
O material que será usado com os alunos foi elaborado pelo Cenpec (Centro de Pesquisas para Educação e Cultura) -a organização que realizou recentemente a avaliação de livros didáticos do Ministério da Educação.
Auto-estima
Segundo o projeto do governo, "em todas as atividades procurar-se-á trabalhar com a auto-estima dos alunos, reforçando seus progressos, valorizando seus conhecimentos e inserção cultural".
Os documentos do governo em torno das classes de aceleração negam que o programa pode reduzir os conteúdos geralmente ensinados nessas séries. "A metodologia terá como eixo articulador o ensino da leitura e da escrita".

Próximo Texto: Parecer relata problemas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.