São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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CEF pode ajudar o ajuste do Bamerindus

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central e o Ministério da Fazenda estão empenhados em encontrar uma forma para facilitar a reestruturação do Bamerindus.
Embora o presidente da Caixa Econômica Federal negue que esteja interessado na compra da carteira de crédito imobiliário do Bamerindus, a Folha apurou que já houve contatos técnicos para avaliar os contratos.
Ontem, José Eduardo de Andrade Vieira, ex-ministro da Agricultura, senador pelo PTB-PR e dono do Bamerindus, disse que "está acompanhando com interesse as negociações que vão permitir à CEF comprar as carteiras imobiliárias de bancos estaduais".
"Estamos esperando a definição das regras. Vamos estudar as propostas. Interessa ao banco vender a carteira e aplicar os recursos em investimentos mais rentáveis."
Essa carteira tem créditos no valor de R$ 2,3 bilhões, segundo ele.
A Folha apurou que a CEF já está avaliando os prazos dos contratos, o índice de inadimplência dos mutuários e a dívida que o Bamerindus tem com a própria Caixa.
Reestruturação
A possibilidade mais cogitada para o Bamerindus é a união com outra instituição financeira e a liberação de uma linha de reestruturação do Proer (programa oficial que incentiva a fusão de bancos).
Os estudos prevêem o enxugamento do banco, com a venda da carteira de crédito imobiliário e de empresas não-financeiras.
Andrade Vieira também espera o pagamento de R$ 1,4 bilhão em FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) pelo Tesouro Nacional. "Desse total, R$ 700 milhões são títulos já vencidos", disse ele.
Ele negou que a carteira de crédito rural do Bamerindus esteja sendo negociada com o Banco do Brasil. "Temos uma carteira rural pequena, de R$ 300 milhões, e com excelentes clientes", declarou.
Andrade Vieira disse que o Bamerindus "está crescendo". Boatos sobre dificuldades, segundo ele, "são sinal de que estamos incomodando os concorrentes."
Os advogados do Bamerindus, disse, estão preparando uma ação "contra os caluniadores e difamadores que estão espalhando pelo mercado que o banco está com dificuldades". "Eu sei quem são essas pessoas", afirmou.
Andrade Vieira não descarta a possibilidade de aceitar um sócio minoritário. Mas, segundo ele, os problemas financeiros do grupo -principalmente na fábrica de papel e celulose Inpacel- foram sanados no ano passado.
A Inpacel tinha dívidas de R$ 800 milhões. Desse total, R$ 500 milhões foram quitados, segundo Vieira, com a venda das ações do banco na Usiminas e na CSN.
Os R$ 300 milhões restantes foram renegociados, com a troca por uma dívida de mais longo prazo com o BNDES, informou Vieira.

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