São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Para Franco, quarentena é "delírio"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, qualificou ontem de "delírio absoluto" a hipótese de o governo adotar uma quarentena para o capital estrangeiro aplicado no Brasil.
"Na hipótese de se adotar qualquer medida, os instrumentos são os que já estão aí", afirmou. Um dos instrumentos adotados pelo governo no ano passado foi o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A possibilidade da quarentena para os recursos externos foi publicada ontem pela Folha. Ela prevê uma retenção temporária dos recursos por parte do governo.
Apesar das declarações de Franco, o BC já pediu opiniões sobre essa medida a analistas do mercado. Se adotada, ela desestimularia as aplicações de curto prazo no país.
Franco disse que o custo anual com a manutenção das atuais reservas brasileiras é de aproximadamente R$ 1,5 bilhão (0,3% do Produto Interno Bruto). Hoje, o país tem cerca de US$ 62 bilhões em reservas internacionais.
Segundo ele, é um percentual bem inferior aos 30% do PIB gastos com o pagamento das despesas públicas.
"Temos que desmitificar a idéia de que as reservas têm um custo alto", disse Franco depois de participar, junto com o presidente do BC, Gustavo Loyola, de entrevista do ministro Pedro Malan (Fazenda) a jornalistas estrangeiros.
Curto prazo
A elevação da tributação em 95, segundo ele, atingiu somente o capital estrangeiro aplicado no curto prazo no Brasil, qualificado pelo governo como o de pior qualidade.
Franco disse que os investidores estrangeiros estão comprando ações de empresas do governo. Isso valoriza as estatais, permitindo ao governo vendê-las por um preço melhor em eventuais privatizações.

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