São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Juiz vê suposto acordo entre Mesbla e BCN

DA SUCURSAL DO RIO

O juiz da 7ª Vara de Falências e Concordatas do Rio, Paulo César Salomão, considera forte a possibilidade de ter havido um "acordo espúrio" entre a Mesbla S/A e o BCN (Banco de Crédito Nacional), o que "pode vir a ser tipificado como crime falimentar".
Esse acordo, no entender de Salomão, estaria explicitado porque o juiz intimou o BCN a "transferir o produto dos recebíveis sob sua guarda para conta identificada", o que não teria sido feito.
Salomão comunicou as suspeitas ao desembargador Marlan Marinho, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que pediu explicações sobre a exclusão do advogado do BCN, Jorge Lobo, como comissário da concordata.
Lobo refuta as afirmações de Salomão, dizendo que o BCN não apresentou os recebíveis (quantias a receber do cartão Mesbla dadas como garantia para empréstimo) porque não as tinha.
Lobo disse que o BCN "de maneira alguma está fazendo acordo, espúrio ou não", com a Mesbla.
Segundo Lobo, o BCN "está litigando para não ser credor quirografário (dentro da concordata) e briga judicialmente por seus créditos fora da concordata".
Credores bancários ouvidos pela Folha dizem que a negociação com os bancos é a saída para a Mesbla antes de vencer a primeira parcela da concordata, em 2 de agosto, quando, sem acordo, a rede de lojas terá que depositar cerca de R$ 100 milhões.
Se for acertado um acordo com os bancos, a Mesbla praticamente garantirá uma negociação de 60% de seus débitos, condição do grupo Mariani para fazer a proposta efetiva de compra da empresa.
Como o grupo Mariani, pelo pré-contrato levado à 7ª Vara, se propõe a levantar a concordata (pagar todos os débitos) e fechar o negócio, o raciocínio dos bancos é que um acordo seria bom para os fornecedores (com créditos de R$ 70 milhões na concordata).
Os quatro principais credores financeiros da Mesbla são BCN, Pontual -que brigam pelos recebíveis do cartão Mesbla-, Unibanco e Safra, que garantiram na Justiça depósito da receita dos cheques pré-datados da Mesbla, dados em garantia de empréstimos.
O advogado da Mesbla, Sérgio Bermudes, disse achar"curioso" o acordo entre Mesbla e credores, já que o BCN está disputando crédito na Justiça.

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