São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996 |
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Dornelles prepara resposta aos EUA
VALDO CRUZ; DENISE CHRISPIM MARIN; FERNANDO GODINHO
O ministro Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo) montou uma estratégia para responder às reclamações de representantes da indústria de brinquedos dos Estados Unidos. Ele mostrará aos representantes, que reclamam contra o aumento de 20% para 70% da alíquota de importação determinado pelo governo federal, as restrições norte-americanas enfrentadas pelos brasileiros. "Se eles vierem, faço uma reunião conjunta", afirmou o ministro à Folha. "Chamo também os produtores de suco de laranja, de aço, de silício e de carne para reclamar", completou. Para ele, quem reclama contra as medidas de salvaguarda que o governo está adotando padece de "subdesenvolvimento intelectual, espírito colonialista e total ignorância da legislação industrial". O ministro considera que as medidas adotadas até agora (regimes antidumping, de incentivo à indústria automotiva e de combate ao subsídio externo) são instrumentos de defesa comercial previstos na legislação internacional. "Se a indústria de brinquedos dos Estados Unidos se sentir lesada, pode questionar a medida no Departamento de Comércio Exterior e aguardar os trâmites legais." Até o momento, o ministro não teve nenhuma solicitação para receber representantes da indústria de brinquedos norte-americana. Números As armas de Dornelles para enfrentar reclamações formais são os números. Os EUA dificultam a entrada de 64 produtos brasileiros em seu território com alíquotas elevadas, sobretaxas e proibições. Entre os produtos mais atingidos estão suco de laranja, frutas e legumes, açúcar, fumo, têxteis, vestuário e itens siderúrgicos. Carnes bovina e de frango, assim como a laranja brasileira, estão proibidas de entrar nos EUA por razões sanitárias. O bloco econômico europeu impõe barreiras tarifárias e não-tarifárias a 28 produtos diferentes, mantém cotas a outros sete e ainda sobretaxa mais seis mercadorias brasileiras. O Japão mantém barreiras para, pelo menos, 26 produtos -e cotas para outros três. Automóveis Dornelles disse que a medida provisória que define o regime automotivo será reeditada pela 13ª vez, nesta semana, sem alterações. Na segunda-feira ele recebeu um comunicado do governo japonês, que mais uma vez expressou descontentamento com o texto. "Não vamos definir nossa política industrial de acordo com o que o Japão quer." Os japoneses querem também a redução do imposto sobre veículos (70%) para empresas que não estão no Brasil. Texto Anterior: Juntas podem entrar na privatização Próximo Texto: MICT estuda criação de agência Índice |
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