São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Proteção ocultava fragilidade da indústria

DO EDITOR DO PAINEL S/A

O consultor João Bosco Lodi identifica boa dose de auto-suficiência no discurso dos empresários apontados como paradigmas. "Havia um certo triunfalismo, do tipo 'o Brasil é nosso e vamos dominar o mundo"', diz.
"A regra básica das ilhas de eficiência na indústria é a de se comparar sempre com os melhores", constatava Caldeira, em 1988.
Durante muitos anos, os desajustes da indústria eram compensados com socorro oficial, via financiamentos de instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco do Brasil.
"Mas houve mudanças no papel paternalista do governo, que deixou de proteger empresas doentes. Hoje, o único hospital é para banqueiros", diz Lodi.
O conforto do mercado protegido, como define o presidente da Confab, Roberto Caiuby Vidigal, mascarava as ineficiências. "É evidente que não tínhamos o grau de eficiência desejável", reconhece. "Tínhamos tecnologia de ponta e pouca preocupação com agilidade e custos competitivos."
"A inflação não dava bons parâmetros para um controle de custos. E muitas indústrias tinham um comportamento semelhante ao de uma estatal", diz Vidigal.
Questão de escala
Para o consultor Antoninho Trevisan, "as ilhas de eficiência sempre trabalharam com o conceito de que qualidade não tem preço".
"Imaginava-se que bastava investir uns trocados em tecnologia e as coisas se resolviam", diz Trevisan. "Mas a ênfase deixou de ser desenvolver tecnologia e passou a ser como acessar e contratar a tecnologia atualizada", diz.
As ilhas de competência fabricam produtos de reconhecida qualidade e são detentoras do ISO-9000. Mas na economia globalizada a qualidade não é mais o elemento primordial.
O determinante hoje é a escala. Ou seja, a capacidade de produzir em volumes que permitam preços competitivos num mercado dominado por mega-empresas.
A Cofap e a Metal Leve, por exemplo, ilhas em reorganização, estão no anúncio em que a Fiat lista os melhores fornecedores de 1995, ao promover o modelo Palio.

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