São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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O melhor Brasileiro será jogado na Espanha

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, com o Rivaldo no Deportivo La Coruña e a poderosa dupla Giovanni e Ronaldinho no Barça, o melhor Campeonato Brasileiro vai ser disputado na Espanha.
Aliás, com Giovanni e Ronaldo, a bela Barcelona pode pensar de novo em encher de alegria as ramblas azuis e vermelhas.
Ah! Eu quase ia me esquecendo: o Viola ainda está jogando por lá...
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São Paulo e Flamengo, que, ao lado do Cruzeiro (já que Palmeiras e Grêmio entraram em operação desmanche), largam como os favoritos do Brasileiro que vem aí, fizeram, na terça, apenas um aperitivo do que poderão jogar daqui para a frente. Mas...
...olhaí que o São Paulo tá pintando com um time de toque de bola bonito, bonito.
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O Corinthians precisava mesmo de um lateral-direito e, na ausência de similar local com preço competitivo, importou um do Mercosul que, como aquelas velhas melodias, joga em guarani.
Mas sobre o paraguaio Juan Carlos Villamayor Medina pesa uma responsa: jogadores do Cone Sul raramente dão certo com a camisa alvinegra, que se recusa sistematicamente a falar outra língua que não o português -de preferência aquele negro-italianado falado em São Paulo mesmo.
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O são-paulino Tadeu Jungle me envia um exemplar do livro "Cuentos de Fútbol" (editora Extra Alfaguara), com 24 histórias de ficção curtas que tematizam o jogo de futebol.
Na seleção de autores, um time de craques de escritores em língua espanhola, entre eles, Augusto Roa Bastos, Mario Benedetti e Eduardo Galeano (os últimos, autores já de uma obra expressiva sobre o fut).
O livro é cheio de coisas interessantes e uma delas é o autor da antologia.
Um escritor? Um cronista esportivo? Um crítico literário apaixonado pelo fut?
Nada disso. Um jogador de futebol. Isso mesmo. O Valdano, Jorge Valdano.
O mesmo Valdano que foi campeão do mundo ao lado de dom Dieguito Maradona, na Copa de 86, no México, tendo, inclusive, marcado um gol no jogo final contra a Alemanha.
O mesmo Valdano que era conhecido como o "jogador filósofo", lembra-se? E que foi técnico campeão do Real Madrid na temporada 94-95, perdendo o emprego pela má campanha dos merengues na última temporada.
Aliás, além de selecionar e prefaciar o livro, Valdano também escreveu um dos contos do livro (originalmente publicado no "El País", em 1988.
Como se lê na abertura, "Contos de Futebol é uma homenagem ao jogador humilhado por perder um pênalti, ao que vende a sua alma ao diabo para golear a meta adversária, ao juiz que vestiu luto em sinal de pêsames para ele mesmo, e aos sentimentos de vida e morte capazes de acender uma paixão, ou duas: a do futebol e da literatura".
Em tempo: algum jogador brasileiro seria capaz de organizar uma antologia literária como a do Jorge Valdano?

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