São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Aprille Millo canta em São Paulo para "ajudar o Brasil"

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A soprano norte-americano Aprille Millo tem grande carinho pelo país que a projetou com a ópera "Aida", em 1986. Ela canta hoje, às 21h, em São Paulo, árias de Scarlatti e Gluck, além de peças de Brahms e Debussy. A cantora deu entrevista exclusiva à Folha, logo após sua chegada ontem ao Brasil.
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Folha - No Brasil você ficou muito conhecida por causa daquela "Aida", em 1986. No Metropolitan, você faria muito sucesso em 89, com o mesmo papel.
Aprille Millo - No início era uma produção daqui. Quando Zefirelli fez sua proposta de encenação para o Met, eles não aceitaram, porque a coisa era muito grandiosa. Assim, Gianni Quaranta foi escolhido e o vídeo da encenação do Met ganhou um Emmy. Foi uma coisa belíssima.
Folha - Como você escolheu o programa dos recitais no Brasil?
Millo - Bem rápido, já que só recebi a proposta há três semanas. Procurei coisas que não cantava há tempos, para não repetir o que já fiz no Brasil.
Por isso não há Verdi?
Millo - Sim, mas no bis -esperamos que a platéia peça- deve haver.
Folha - Você conheceu a Callas pessoalmente?
Millo - Uma vez. Ela era uma leoa. Ela me disse: "você é boa, mas escutou demais a Poselle". E eu concordei, porque sou da escola antiga.
Folha - Que acha de Carlos Gomes?
Millo - Gosto muito. Escutei "Fosca", "Lo Schiavo", "Il Guarany" e "Maria Tudor".
Folha - Você não gostaria de cantar "Fosca"?
Millo - É a ópera de Carlos Gomes que mais me agrada. Em Nova York, querem que eu faça "Lo Schiavo". Quero levar cantores daqui, para dar a um brasileiro a chance de cantar Gomes em Nova York. Quero também um brasileiro para reger. Há muito tempo quero ajudar o Brasil.
Folha - De que maneira?
Millo - Queria ter feito no Rio um espetáculo grandioso de três sopranos. Desejo também começar uma fundação contra Aids. É um idéia da Liz Taylor, que é uma grande amiga, que diz que há muitas crianças morrendo aqui. Falei também com Michael Jackson, que disse: "como vocês não conseguiram fazer o que queriam, farei eu pelo menos um vídeo no Brasil". E acabou fazendo.
Folha - Por que ajudar o Brasil?
Millo - É um povo raro, aberto e sincero, como crianças. Tem muita gente querendo usar o Brasil... Eu não quero usar, quero ajudar, nem que seja com a música.

Concerto: Aprille Millo (soprano)
Quando: hoje e sábado, 21h.
Onde: hoje: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 288-0136); sábado: auditório Cláudio Santoro (av. Dr. Arrobas Martins, 1880, tel. 0122/62-2334, Campos do Jordão)

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