São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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PF descobre que prendeu chefe de cartel

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A PF (Polícia Federal) descobriu que desde 24 de abril mantém preso no Rio um dos acusados de chefiar o cartel de Cáli, na Colômbia.
O colombiano Henry Pineda, 46, foi preso no aeroporto Internacional do Rio (zona norte). Aos policiais federais, ele se identificou como Salomom Fernandes Velasco.
US$ 729 mil
Ele e o sobrinho Guilhermo Leon Rengifo Pineda são acusados de tentar embarcar para a Colômbia com US$ 720 mil, escondidos em cintas elásticas e no fundo falso de uma mala.
Em interrogatório após a prisão, o sobrinho disse que não sabia da procedência do dinheiro, mas acusou o tio de ser "o conhecido narcotraficante" Henry Pineda.
Apesar de acreditar na veracidade do depoimento de Rengifo Pineda, a PF não havia conseguido comprovar a identidade do preso até receber sete fotografias enviadas pelo governo da República Dominicana.
Em 1987, Pineda foi preso na República Dominicana acusado de traficar 714 kg de cocaína.
Além das fotos, a PF recebeu do país cópias das fichas com as impressões digitais de Pineda. Com as fotos e as fichas, a PF concluiu que Velasco e Henry Pineda são a mesma pessoa.
A DEA -agência antidrogas dos EUA- e o governo da Colômbia também enviaram ao Brasil documentos que teriam ajudado a comprovar a identidade do preso.
O delegado Luiz Cravo, responsável pelas investigações, disse no relatório enviado à Justiça supor que o dinheiro apreendido refere-se à venda de "mais de 200 kg de cocaína".
Acusado nega
Pineda nega as acusações. Ele disse que estava no Rio abrindo uma empresa de exportação e importação de bebidas.
Documento da Junta Comercial do Estado do Rio informa que a firma de Pineda chama-se Mabrex Comércio Importação e Exportação Ltda., sediada na rua Equador, 963, no Santo Cristo (região central do Rio). O endereço não existe, segundo a PF.
Para a PF, Pineda estaria importando e exportando outro produto: cocaína.
"O objetivo da empresa era estabilizar fisicamente o cartel de Cáli no Brasil, por meio de uma empresa de exportação e importação que serviria de fachada para a remessa da droga para os EUA e Europa e para a lavagem de dinheiro", afirmou o seperintendente da PF, Jairo Kullman.
O suposto chefe do cartel poderá ser extraditado para a Holanda, onde 31 pessoas estão presas, desde 93, sob a acusação de traficar 120 kg de cocaína. Pineda seria o chefe da quadrilha.
A PF informou que, antes da extradição, Pineda será processado no Brasil sob a acusação de evasão de divisas e falsidade ideológica.

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