São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Prefeitura interdita Grandes Galerias

DA REPORTAGEM LOCAL

Fiscais da prefeitura de São Paulo interditaram ontem o centro comercial Grandes Galerias, na região central da cidade.
Segundo o Contru (Controle do Uso de Solos e Imóveis), a maior galeria do centro, que fica entre a av. São João e a r. 24 de Maio, não apresentava condições mínimas de segurança contra incêndio.
Pelo edifício, de seis andares, passam diariamente cerca de 15 mil pessoas. No local existem 450 lojas onde trabalham aproximadamente 2 mil pessoas.
As portas do prédio foram fechadas às 10h45, após blitz surpresa realizada pelo diretor do Contru, Antônio Luiz Paiva Brito.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) enviou quatro viaturas e 16 policiais para dar apoio à operação.
"Estamos aqui para evitar eventuais problemas com os lojistas", disse Sérgio Ferreira, 30, da GCM.
No começo da semana, o Contru havia recebido denúncias de que algumas lojas de artigos para serigrafia teriam grandes estoques de produtos inflamáveis.
"Quando nossos técnicos foram inspecionar o local constataram inúmeras outras irregularidades", disse Brito.
Segundo ele, várias lanchonetes estavam estocando botijões de gás em locais inadequados e as lojas não possuíam extintores de incêndio em condições de uso.
"A galeria só será reaberta quando todas as exigências de segurança forem cumpridas", disse.
Segundo o síndico da galeria, Antônio de Souza Neto, 42, a prefeitura não tinha motivos para fechar o prédio.
"Estamos fazendo melhorias no local desde o ano passado. Toda a parte de instalação elétrica já foi renovada", afirmou.
Para Souza Neto, os fiscais se ativeram apenas a detalhes. "Vamos providenciar a reposição de extintores de incêndio e a remoção dos botijões de gás ainda hoje. Queremos reabrir amanhã."
Essa foi a primeira interdição em 38 anos de existência da galeria. Segundo o síndico, o prédio está para ser tombado: "Existe um pedido de tombamento que o Patrimônio Histórico está analisando."
Boa parte dos lojistas disse estar revoltada com a interdição. "O Contru deveria ter dito o que havia de errado e ter dado um prazo para regularizarmos a situação", disse Paulo Ramos, 35, proprietário de uma loja de discos.
A maior parte das pessoas que vieram fazer compras ou retirar mercadorias na galeria teve de dar meia volta.
"Viajei 200 km para buscar uma encomenda. Não posso voltar outro dia", disse Antônio Marcos de Oliveira, 39.
"Eu vim comprar uns discos de rock, mas, pelo visto, perdi a viagem", afirmou o estudante William Carvalho, 17.

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