São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Faz-me rir

WILSON BALDINI JR.

Na década de 60 o time do Corinthians era tão ruim (bem pior que o atual, acreditem os mais novos) que recebeu o apelido de "Faz-me rir", título de uma famosa música da época.
Os torcedores cansados dos fracassos com o time principal -que já acumulava uma boa fila de anos sem títulos- preferiam chegar mais cedo ao estádio e assistir aos jogos da equipe de "aspirantes", que fazia as preliminares. Nesta equipe o astro era o jovem Roberto Rivelino.
O boxe peso-pesado atual está bem parecido.
A briga entre empresários, interesses financeiros, excesso de organismos sem expressão, tudo isso faz com que lutas sem o valor do título mundial tenham maior importância.
Isso explica o novo fracasso na venda de ingressos para a luta Mike Tyson x Bruce Seldon, que desencadeou no seu adiamento. Este combate só teria público fora dos EUA. Mais pela atração Tyson do que pela luta, pois todos sabem quem seria o vencedor.
O público que gasta US$ 1.500 para ver uma luta quer ver Tyson, mas contra Riddick Bowe, Evander Holyfield, George Foreman. Por isso, Bowe x Holyfield, apesar do retorno de Tyson, foi considerado o melhor duelo de 95.
Tyson x Seldon não iria acrescentar nada ao boxe. Seria como ter uma final de Copa do Mundo entre Zâmbia e Trinidad e Tobago. É preciso organizar "lutas do século". A última foi entre Tyson e Michael Spinks, há longos oito anos.
Nesta década, somando-se os três principais organismos que dirigem o boxe (Conselho Mundial, Associação Mundial e Federação Internacional) apenas 21 lutas por título foram organizadas. Uma média de 3,5 lutas/título/ano. Um absurdo.
É o que dá deixar empresários tomarem conta do esporte. Talvez seja a hora de criar então a Federação "Faz-me rir" Mundial de Boxe.

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