São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996 |
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DESIGUALDADE DESIGUALDADE Estatísticas do Ipea baseadas no rendimento do trabalho mostram que de 91 a 94 os 20% mais ricos vinham concentrando maiores rendimentos. De 60,2% da renda em 91, passaram a receber 65,7% do total em 94. Isso ocorreu em detrimento dos 50% mais pobres, cuja participação na renda diminuiu de 12,3% para 10,4% no mesmo período. Em 95, primeiro ano com 12 meses de inflação baixa, essa trajetória foi interrompida. A metade mais pobre da população recuperou ligeiramente sua participação na renda, passando a receber 11,6% do total. Foi um pouco mais que os 10,4% recebidos em 94, porém ainda menos que os 12,2% da renda auferidos em 93. A parcela de renda absorvida pelos 20% mais ricos caiu para 63,3% do total. Isso representou uma pequena desconcentração em relação a 1994, mas ainda era mais que os 62,2% da renda recebidos em 1993. Essa distribuição de renda certamente desenha traços fundamentais da realidade brasileira e dá a dimensão do enorme desafio que está pela frente. Mas a distribuição não resume, evidentemente, o quadro social do país. Além de eventuais melhoras, ainda que lentas e residuais, em áreas não diretamente ligadas à renda, como educação e saúde públicas, vale notar o forte impacto positivo da estabilidade sobre os alimentos. O custo da cesta básica subiu apenas 5,2% desde julho de 94 -ou cerca de 15% se considerada a alta real no mês que precedeu o plano. Isso permitiu que milhões de pessoas satisfizessem suas necessidades mínimas. Segundo dados do mesmo Ipea, os que se encontravam abaixo da linha de pobreza passaram de dramáticos 42% da população em meados de 94 para 28% em janeiro de 96. São inegáveis os benefícios que, sob inúmeros aspectos, a estabilização trouxe ao país. Mas, quanto à distribuição de renda, a queda da inflação deve ser vista só como um pequeno e tímido passo. Há muito por fazer. Próximo Texto: FANTASMAS QUASE-FISCAIS Índice |
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