São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Governo quer punir fraude em fundos

SÔNIA MOSSRI
SHIRLEY EMERICK

SÔNIA MOSSRI; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Regras que serão enviadas ao Congresso até o fim do ano visam também financiar projetos de longo prazo

O governo prepara nova legislação para punir diretores de empresas estatais e de fundos de pensão que praticarem irregularidades, causando prejuízos por má gestão.
As novas regras, que serão enviadas ao Congresso até o final do ano, também incluem alterações nas aplicações obrigatórias dos fundos de pensão das estatais.
Com a inflação sob controle, o governo quer usar os fundos para financiar projetos de investimento de médio e longo prazos, basicamente junto ao setor privado, segundo a Folha apurou.
A idéia é fixar uma aplicação obrigatória de parte das reservas dos fundos em títulos de médio e longo prazos, emitidos pelas empresas que tenham esses projetos de investimento.
Os fundos de pensão das estatais acumulam um prejuízo de R$ 20 bilhões. O assunto é acompanhado de perto pelo ministro-chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho.
Habitação
A intenção do governo de usar os fundos de pensão para estimular o lançamento de papéis de longo prazo exige confiança na estabilidade econômica.
A avaliação dos ministérios da Fazenda e do Planejamento é que os fundos podem se tornar fonte de financiamento para a habitação, por meio da compra de papéis emitidos por empresas desse setor.
Atualmente, os fundos de pensão praticamente se restringem a financiar imóveis de alto luxo, chegando a pagar preços acima dos de mercado.
Pela lei atual, os fundos podem aplicar até 20% de seus recursos em imóveis, até 5% em ações de uma única empresa, até 25% no capital de uma única empresa e até 80% em valores mobiliários (títulos, ações, debêntures etc).
Intervenção recusada
Anteontem, Clóvis Carvalho reuniu-se com o ministro Pedro Malan (Fazenda), Andrea Calabi (secretário-executivo do Planejamento), Gustavo Loyola (presidente do Banco Central), José Roberto Mendonça de Barros (secretário de Política Econômica da Fazenda) e José Cechin (secretário-executivo da Previdência).
Malan, Carvalho e Calabi rejeitaram a proposta da Previdência de promover intervenções formais nos fundos de pensão com problemas, como Petrus (da Petrobrás) e Postalis (dos Correios).
Até o envio de projeto ao Congresso com a nova legislação, o Palácio do Planalto determinou que o Planejamento cobre melhor desempenho das estatais que mantêm fundos de pensão.

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