São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Peso do pai salvou garoto de crocodilo

MARCELO DAMATO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

O peso do professor de administração Hélio Teixeira foi um dos fatores-chave para salvar a vida do filho Alexandre, 7, quando ele foi atacado por um crocodilo num canal do Parque Nacional de Everglades, sábado passado, na Flórida (EUA).
A afirmação partiu da mulher de Hélio, Maria Odete, ao narrar como o marido e ela conseguiram tirar o menino da boca do réptil, que media entre 1,5 m e 1,8 m.
"Meu marido pesa mais de cem quilos. Por isso conseguiu segurar o crocodilo", contou ela.
Segundo a narrativa dos dois, feita numa entrevista coletiva no Miami Children's Hospital, onde o menino está internado, o crocodilo tentou arrastar o menino para o fundo do canal.
"Ele mordeu meu filho pelos ombros", contou o pai. "Eu o segurei pela boca para impedir que ele afundasse. É exagero dizer que abri sua boca."
Maria Odete, 55 kg, disse que em seguida enfiou a mão na boca do réptil e o empurrou.
"Ele soltou o Alexandre e me pegou pela mão. Ia me puxando, mas depois me soltou e se afastou." A mordida provocou ferimento leve.
Todo o episódio, do momento em que os pais caíram na água até o fim do salvamento, durou cerca de um minuto, segundo eles.
Hélio disse que a família chegou às 14h10 ao parque e queria tomar o trem turístico. Como ele só sairia às 15h, eles alugaram quatro bicicletas. Otávio, 3, foi com a mãe, numa cadeirinha.
Cerca de 15 m depois, Alexandre se desequilibrou, caiu e rolou para dentro do canal. Só Clodine, a filha mais velha, viu a cena.
"Ela começou a gritar. Meu marido viu que o crocodilo o tinha pegado e se jogou na água. Eu levei mais tempo porque não podia jogar minha bicicleta no chão."
Odete criticou o parque por não ter avisado que naquele canal havia crocodilos, mas elogiou o serviço de resgate. "Em menos de meia hora estávamos no hospital. Isso salvou a vida de Alexandre."
Debra Nordeen, assessora do parque, disse que é o primeiro acidente na história de Everglades.
Hélio não está pensando em abrir um processo. "Foi uma fatalidade", disse sua mulher.
Alexandre deve ter alta hoje. A pediatra Cathy Burnweit, que está cuidando dele, afirmou que já foi retirado o dreno que para fazer sair o sangue acumulado no pulmão.
O sangramento foi resultado da mordida, que produziu cerca de dez buracos no menino. Ela disse que também foi ministrado antibiótico para prevenir infecções.
Maria Odete afirmou que o filho disse se lembrar do crocodilo abrindo e fechando a boca sobre ele. Afirmou que o filho não sentiu que o animal o mordia com força.
"Ele não chorou. Apenas ficou respirando com dificuldade."

Texto Anterior: Funcionários do HC fazem manifestação; Greve de empresa de ônibus afeta 60 mil; Vendedor é morto a pauladas por parentes; Motorista cultiva mandioca gigante
Próximo Texto: FRASES
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.