São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Sonho olímpico

THALES DE MENEZES

Ainda tem gente perguntando quais as chances de medalha de Fernando Meligeni, Vanessa Menga e Miriam D'Agostini na Olimpíada de Atlanta. A resposta fácil é: quase nenhuma.
Alguns podem dizer que este "quase" foi colocado na resposta com muito boa vontade do colunista. Afinal, lá vão estar Andre Agassi, Monica Seles, Arantxa Sánchez, Goran Ivanisevic e outras feras.
O nível é mesmo alto, mas o "quase" realmente existe. Ainda está na memória de todos a enxurrada de surpresas no recente torneio de Wimbledon.
Em Barcelona-92, Jaime Oncins ganhou de Michael Chang e quase chegou a uma medalha. Numa dessas, Meligeni até pode chegar lá e se dar bem.
O importante é tamanho do "quase". Meligeni já enfrentou Pete Sampras. Perdeu, mas não deu vexame. Se as chances não existissem, o campeonato nem precisava ser disputado.
E a Olimpíada é um torneio muito esquisito. Acostumados a sisudez dos eventos tenísticos, os jogadores estranham bastante o clima da competição.
Boris Becker, por exemplo, diz que sua participação em Barcelona-92 foi o campeonato mais "bizarro" de sua carreira.
Sua principal reclamação era o assédio dos atletas de outros esportes, que tinham permissão de circular pelos vestiários dos tenistas. "Tive que dar autógrafos para uma equipe de basquete inteira", contou Becker.
Por isso, muitos astros de tênis estão fora de Atlanta. Entre aqueles que participam, alguns devem ficar perturbados com a balbúrdia da competição e a responsabilidade de medalhas.
Vanessa e Miriam podem conseguir bons resultados, já que, nas duplas, o emparceiramento por país às vezes coloca lado a lado tenistas que nunca jogaram do mesmo lado da rede.
Para o combalido tênis brasileiro, qualquer bom resultado em Atlanta vem em boa hora. Medalha é sonho, mas os Jogos Olímpicos são feitos disso.

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